domingo, 30 de maio de 2010

Noção de tempo nas séries de alfabetização

Durante as últimas semanas (5ª, 6ª, 7ª), trabalhei a noção do tempo com as crianças, ajudando meu aluno a analisar e a entender as relações do homem entre si, o ambiente e o tempo histórico apropriando-se desde já desses conceitos.
A noção do tempo é muito abstrata e de difícil entendimento para a criança de 6, 7 anos. O tempo histórico é um conceito que possibilita o pensamento lógico infantil, sendo seu desenvolvimento um grande desafio para o Ensino Fundamental, principalmente nas séries de alfabetização. Devemos investir, enquanto educadores, na criança para formar futuros pesquisadores, historiadores que busquem a pesquisa e os acontecimentos do tempo: permanência/mudança, semelhança/ diferenças e simultaneidade, reavaliando nossas abordagens e metodologias pedagógicas, onde as falas da criança, seu modo de perceber o tempo não sejam ignorados, por mais ingênuos e insigificantes que nos possam parecer à primeira vista: "Se eu não dormir não chega o amanhã"; "Eu sou mais alto por isso eu nasci primeiro"; "Meu avô estava aqui quando o Brasil foi descoberto pelos portugueses". Essas ingenuidades e fantasias infantis nos mostram o caminho a ser trilhado, por onde devemos começar nosso fazer pedagógico, introduzindo um eficiente trabalho de História.
Esteja atento, professor, é um caminho, um processo que se constrói ao longo do Ensino Fundamental . Ouça com atenção às falas de seus alunos, às suas concepções, às suas lógicas temporais, porque nos determinam por onde iniciarmos nossos questionamentos, desafios para realizar um bom trabalho na área de História, concernente e expressivo para a criança.
Questionando suas falas, problematizando situações de seu cotidiano, de sua vivência, fomentamos o pensamento lógico/ histórico da criança, significativo e linear, fazendo ganchos entre o passado (ontem), o presente (hoje) e o futuro (amanhã) apresentando-se mais próximos das vivências da criança de 6, 7 anos.



http://chasqueweb.ufrgs.br/~slomp/piaget-textos1/piaget-ensino-de-historia.pdf

domingo, 23 de maio de 2010

Maurice Tardif e os saberes docentes (Referencial Teórico)

Para Maurice Tardif, o saber não se reduz única e exclusivamente a processos mentais, tendo como suporte a atividade cognitiva do sujeito, mas também, configura-se com um saber social, manifestando-se nas relações complexas entre professores e alunos.
"Situar o saber do professor na interface sobre o individual e o social entre ator e o sistema, a fim de captar a sua natureza social e individual como um todo." (Tardif, 2002,p. 16)
Os saberes do professor se originam de várias hierarquias: da família, da escola que o formou, da sua cultura pessoal, dos seus pares, da universidade, das formações continuadas. São saberes plurais, heterogêneos, temporais, já que se constroem ao longo da vida e com o passar da carreira, portanto é personalizado.
A vastidão de saberes que forma o professor é essencial para compreender a prática de cada um no processo do coletivo desenvolvido na escola, onde cada professor coloca sua individualidade, na construção de outros e novos saberes.
Segundo esse autor, os saberes cotidianos do professor, o conhecimento de seu trabalho devem ser considerados, desconfigurando o olhar tradicional de que os mestres são apenas transmissores de saberes construídos por outros grupos. Maurice Tardif convoca os educadores, os pesquisadores, o corpo docente, a comunidade científica a unir pesquisa e ensino, propondo que a pesquisa universitária pare de conceber os professores como objetos de pesquisa universitária, que sejam considerados como sujeitos do conhecimento, colaboradores, co-pesquisadores.
As pesquisas desenvolvidas pelas universidades brasileiras devem valorizar os professores ao mesmo tempo que promovam sua formação continuada na busca da construção do conhecimento e a valorização de sua prática educativa, repensando a própria formação acadêmica desse profissional em educação, concebendo as escolas como lugares de formação, de inovação, de experiência e de desenvolvimento profissional, mas também como lugares de pesquisa, de reflexão crítica e coletiva.
O autor usa a expressão "mobilidade de saberes" como uma idéia de movimento, de construção, de constante renovação, de valorização de todos os saberes, não somente em relação ao cognitivo, revelando uma visão da totalidade do ser professor.
O saber está do lado da teoria e a prática pode ser vazia de saber ou pode conter um falso saber, baseado em crenças, ideologias. Para Tardif, o saber é produzido na prática. Aquilo a que chamamos de "teoria", torna-se concreto num sistema de práticas e de profissionais que a produzem e as assumem: pelo trabalho o homem modifica a si mesmo, modifica as suas relações humanas, objetivando a transformação de sua própria situação e a do coletivo onde está inserido.
Tenho plena consciência de que meu "ser professor" traz em si mesmo as balizas de meu trabalho, não reconhecendo-se apenas como saber sobre o trabalho, mas na realidade do trabalho. O meu saber está intimamente relacionado com o trabalho na escola, na sala de aula, estando a serviço da minha profissão, considerando a importância dos meus 31 anos de magistério em conformidade com minha formação pessoal. É fundamental para a minha profissão o conhecimento universitário que estou adquirindo, a minha atualização, minha formação continuada. Questionando-me através do autor:
*Que saberes servem de suporte ao meu ofício de professora?
*Que competências e habilidades mobilizam minha prática diária?
*Como adquiri estes saberes?
*Que conquistas alcancei quanto a definições políticas e sociais na profissão?
*Com o passar dos anos e na minha prática, que mudanças aconteceram em minha metodologia, que novas ações surgiram a partir das minhas experiências interiorizadas e reavaliadas?
Certamente, a cada ano, a cada nova fase, estou aberta ao novo que se desenrola em meu cotidiano profissional e coletivo. Sinto-me uma professora que constrói e reconstrói conhecimento, conforme a necessidade de sua utilização, minhas vivências, minha formação profissional, estimulando a reflexão, a criticidade e a construção do conhecimento de meu aluno.
Sou consciente de minha importância como educadora na formação de homens e mulheres criativos, críticos, autores, participantes e felizes num mundo cada vez mais exigente.



http://www.uniube.br/propep/mestrado/revista/vol05/13/resenhas/R-13-001-Final.pdf



http://www.webartigos.com/articles/23166/1/REFLEXOES-SOBRE-A-FORMACAO-OS-SABERES-E-AS-PRATICAS-DOS-PROFESSORES-NO-CONTEXTO-EDUCACIONAL-DO-SECULO-XXI/pagina1.html

segunda-feira, 17 de maio de 2010

Dando segmento aos meus referenciais teóricos

Meu Orientador de Estágio Professor Paulo Francisco Slomp, em um de seus comentários em meu pbwork de estágio, especifificamente na página de meu Projeto de Estágio escreveu:

"Oi Roselaine. Você cita os autores e as obras. Ok. Seria interessante que você pudesse citar um trecho (ou mesmo uma frase) de cada obra para que o leitor possa se localizar, entendendo qual idéia presente no texto você está utilizando aqui no projeto de estágio. Obrigado."

Por isso tenho dissertado sobre as idéias de cada autor por mim citado nessa página fazendo elos relevantes entre a teoria e a minha prática pedagógica. Nessa postagem discorrerei sobre o Dr Humberto Maturana:



Maturana explora o íntimo do ser humano através da análise de suas emoções, do amor, da amizade, do poder, da educação e da importância da linguagem, fascinado pelo mistério da vida. Segundo este famoso Biólogo Chileno, o ser humano pode lançar um olhar sobre sua emoção, refletindo-a, porque possui a linguagem. Quanto mais rápido se desenvolver sua consciência ecológica, por exemplo, mais forte será sua ação para a recuperação do planeta, levando-os a tomar drásticas medidas para a conservação do Planeta em que vivemos.


"(...) A conservação não é pela Terra, não é pela biosfera, é por nós.(...) O grande dom dos seres humanos é que podemos criar tecnologia, mas também, podemos detê-la, nos livrar das máquinas quando deixam de adequar-se ao que queremos. É uma questão de desejo." (Humberto Maturana)


Ao analisar a Ciência e a Filosofia, mostramos diferentes maneiras de pensar o conhecimento; uma visão de mundo assentada num paradigma, numa epistemologia, ao mesmo tempo em que agimos partindo de nossa história de vida. As reflexões de Maturana dizem respeito ao humano, e seu pensamento nos oferece uma oportunidade de construirmos um novo modo de questionar o ser real, o mundo, o observar e o conhecer, possibilitando-nos uma nova abordagem sobre nossa humanidade e sobre o nosso olhar sobre o outro. Compreendendo melhor o que ocorre em nós e entre nós: a linguagem, as emoções e a cognição.


Em seus estudos, Maturana sustenta que na evolução do homem as transformações do cérebro tem a ver com a linguagem. Não como a manipulação de símbolos, nem comunicação, simplesmente. As mudanças nas correlações internas do homem ocorem no decorrer de suas relações introspectivas, com os outros e com o meio. A linguagem surge no viver, no emocionar, no agir. Tudo se compõe a partir das emoções, confirmando que "não há ação humana sem uma emoção que a estabeleça como tal e a torna possível como um ato."(...) "Todo o sistema racional se constitui no operar com premissas previamente aceitas, a partir de uma certa emoção." (Maturana, 1998)


Ele afirma que o social surge de uma ação específica que é o amor, entretanto o amor e a emoção, para esse estudioso, não é o mesmo que sentimentos. O amor é a emoção que acontece na aceitação mútua, fundamentando o social.


Minha ação como ser humano, como ser social, como professor deve ser construída partindo de minha prática, na experiência de vida, sabendo-se que:


1. O conhecimento não se limita ao processamento de informações oriundas de um mundo, anterior à experiência do observador;


2. Os seres vivos são autores e autoprodutores, isto é, capazes de produzir seus próprios componentes ao interagir com o meio;


3. O ser humano por ser autônomo não se limita a receber com passividade informações vindas de fora.


Reforçando-se assim a idéia: Todo o conhecer é uma ação efetiva, permitindo ao ser vivo continuar sua existência no mundo que ele mesmo traz ao conhecê-lo, isto é, o ato de perceber constitui o percebido. O nosso encontro com/no emocionar do aluno acontece na conversação , no entrelaçamento de duas ações: o linguajar e o emocionar. Esse entrelaçamento se constrói na convivência, podendo facilitar ou dificultar a aprendizagem, dependendo das relações cotidianas e afetivas em que se baseiam.


"Educar se constitui no processo em que a criança ou o adulto convive com o outro e, ao conviver com o outro, se transforma espontaneamente, de maneira que seu modo de viver se faz progressivamente mais congruente com o do outro no espaço da convivência." (Maturana, 2002, p. 29)


Tenho uma grande responsabilidade, enquanto professora, pois meu aluno é um ser em formação que tem sua história de vida e eu um ser humano que também traz sua história, um profissional que tem escolhas a fazer, escolhas relacionadas a minha metodologia, à minha didática que incentive e propicie suas aprendizagens amorosas, que o ajude na edificação de uma sociedade solidária, baseada na coletividade, na cooperação, na emoção de aceitar o outro. São paradigmas indispensáveis ao convívio relacional. Que homem pretendo formar? Que homem estou formando? Produzo um fazer pedagógico que vai nos mudando/transformando juntos, em congruência, favorecendo espaços de convivência de aceitação e respeito mútuos?

Defendo um currículo que deve reorganizar-se no sentido de sensibilizar, de humanizar, de emocionar as crianças fomentando uma formação solidária e cooperativa, fundamentada no amor.










http://www.ufsm.br/gpforma/2senafe/PDF/016e4.pdf




http://www.antroposmoderno.com/antro-articulo.php?id_articulo=845




http://eixovpsicologia.pbworks.com/f/introducaomaturana.pdf




domingo, 9 de maio de 2010

Continuando a falar sobre meus referenciais teóricos

Os estudos realizados por Emilia Ferrero e Ana Teberosky com relação à alfabetização das crianças, sob um paradigma psicogenético construído por elas, tem contribuído, fundamentalmente, com meu trabalho enquanto alfabetizadora.
Segundo as autoras, baseadas na Epistemologia Genética de Jean Piaget e na Teoria Sócio - Interacionista de Levi Vygotski e Henri Wallon, o conhecimento não está no sujeito e no objeto. Ele acontece pela interação da criança com o objeto (Interacionismo).
O Construtivismo não é um método de ensino, mas um estudo científico que procura explicar os fenômenos, não a aplicação prática. É uma Teoria Psicológica de Aprendizagem que preocupa-se com a compreensão de como o sujeito aprende e não como eu, enquanto professora, vou ensiná-lo.
A partir dos estudos de Emilia Ferrero e Ana Teberosky, a linguagem escrita deixa de ser apenas a apropriação de um código (codificação, decodificação) de palavras, sílabas e letras, passando a ser entendida como sistema de representação, evidenciando o caminho percorrido pelas crianças no aprendizado da língua, definindo-o como psicogênese, isto é origem, geração do conhecimento da escrita.
Portanto, estudando essa teoria, cabe a mim, professora alfabetizadora, transformá-la em atividades pedagógicas para que meus alunos construam o conhecimento da leitura e da escrita.
São os pressupostos dessa teoria:
*A aprendizagem da escrita alfabética não é um mero processo de associação entre letras e sons;
*O sistema de escrita alfabética não é um código que se memoriza, que se fixa, mas é um objeto do conhecimento que foi socialmente construído.
*A alfabetização é um processo de construção conceitual contínuo, iniciado muito antes da criança ir para a escola, desenvolvendo-se dentro e fora da sala de aula.



"[...] Alterou profundamente a concepção do processo de construção da representação da língua escrita, pela criança, que deixa de ser considerada como dependente de estímulos externos para aprender o sistema de escrita, concepção presente nos métodos de alfabetização até então em uso, hoje designados tradicionais, e passa a sujeito ativo capaz de progressivamente (re)construir esse sistema de representação, interagindo com a língua escrita em seus usos e práticas sociais, isto é, interagindo com material para ler, não com material artificialmente produzido para aprender a ler; os chamados para a aprendizagem prérequisitos da escrita, que caracterizariam a criança pronta ou madura para ser alfabetizada - pressuposto dos métodos tradicionais de alfabetização - são negados por uma visão interacionista, que rejeita uma ordem hierárquica de habilidades, afirmando que a aprendizagem se dá por uma progressiva construção do conhecimento, na relação da criança com o objeto língua escrita; as dificuldades da criança, no processo de construção do sistema de representação que é a língua escrita – consideradas deficiências ou disfunções, na perspectiva dos métodos tradicionais - passam a ser vistas como erros construtivos, resultado de constantes reestruturações." (Magda Soares)

Para as autoras, as crianças passam por diferentes hipóteses até apropriar-se da língua escrita. Baseados em conhecimentos prévios, essas hipóteses dependem das interações delas com as outras crianças e com os materiais escritos que circulam socialmente.

São esses os níveis pelos quais a criança passa até apropriar-se do sistema alfabético:

Pré-Silábico: A criança representa seu pensamento através de desenhos, onde o escrever para elas é o mesmo que o desenhar. Pode também representar seu pensamento através de garatujas ou rabiscos, não reconhecendo as letras do alfabeto e seu som. Ainda, nessa fase, pode conhecer algumas letras do alfabeto, mas as usa casualmente. Pensam "Para escrever precisa muitas letras". Relaciona que o nome das coisas estão proporcionalmente ligadas ao seu tamanho.

Silábico/ Silábico-Alfabético: Supõe que a escrita representa a fala, iniciando-se o processo de fonetização. Cada sílaba é representada por uma letra com ou sem sonoridade. Em frases, pode escrever uma letra para cada palavra. Escrita silábica sem valor sonoro. Escrita silábica com valor sonoro: TOMATE= TMT/ OAE; CAVALO= CVL/ AVO. Na escrita Silábica-Alfabética a criança pode escrever algumas vezes sílabas completas e outras incompletas, isto é, alterna a escrita silábica com a escrita alfabética: TOMATE= TMAT; CAVALO=CVALU; O MENINO ESTUDA DE DIA.=OMINIUISTUADIA

Alfabética: A criança faz a correspondência entre letras e sons, compreendendo que as letras e sons se articulam para dar forma as palavras. Escreve como fala, isto é, vê a escrita como cópia de sua fala, não percebendo, ainda a questão ortográfica: CÃO=CAUM; O CAVALO COMEU MUITO.= OKAVALUCOMEMUINTU




http://www.smec.salvador.ba.gov.br/documentos/espaco-virtual/tecendo-trama/TEXTO%202.2.%20%20REFERENCIAL%20TE%C3%93RICO%20DO%20CEB%20-%20%20EM%C3%8DLIA.pdf

quinta-feira, 6 de maio de 2010

Referencial teórico de minha prática pedagógica

A referência teórica que fundamenta minha docência, isto é, o verdadeiro embasamento teórico da minha prática pedagógica está alicerçado em meus estudos realizados durante o PEAD, nos autores que estudei, li e reli, já referendados no meu pbworks de estágio. Faço isso por mim, pelo sucesso de meu estágio, de minha profissão, mas, principalmente, pelo cidadão que estou formando, que tem o direito à uma educação eficaz e qualificada, porque resultará numa sociedade melhor para todo um coletivo.
O primeiro autor e pesquisador que me fortalece na busca da construção do conhecimento de meu educando é Jean Piaget, enquanto Epistemólogo. Sua teoria explica como o indivíduo constrói o conhecimento, desde o seu nascimento, acontecendo quando ocorrem suas ações físicas ou mentais sobre os objetos que, provocando o desequilíbrio, resultam em assimilação ou acomodação, surgindo a construção de esquemas de conhecimento, que são estruturas cognitivas pelas quais os sujeitos organizam o meio intelectualmente. Essas estruturas modificam-se com o desenvolvimento mental, refinando-se à medida que a criança torna-se mais apta a generalizar estímulos.
Piaget considera que o processo de desenvolvimento é influenciado por fatores como maturação, exercitação, aprendizagem social e equilibração.

Os estágios do desenvolvimento humano
Piaget considera 4 períodos no processo evolutivo da espécie humana que são caracterizados "por aquilo que o indivíduo consegue fazer melhor" no decorrer das diversas faixas etárias ao longo do seu processo de desenvolvimento (Furtado, op.cit.). São eles:
• 1º período: Sensório-motor (0 a 2 anos)
• 2º período: Pré-operatório (2 a 7 anos)
• 3º período: Operações concretas (7 a 11 ou 12 anos)
• 4º período: Operações formais (11 ou 12 anos em diante)
Percebo que, na sua maioria, meus alunos estão no:
b) Período pré-operatório (2 a 7 anos): para Piaget, o que marca a passagem do período sensório-motor para o pré-operatório é o aparecimento da função simbólica ou semiótica, ou seja, é a emergência da linguagem. Nessa concepção, a inteligência é anterior à emergência da linguagem e por isso mesmo "não se pode atribuir à linguagem a origem da lógica, que constitui o núcleo do pensamento racional" (Coll e Gillièron, op.cit.). Na linha piagetiana, desse modo, a linguagem é considerada como uma condição necessária mas não suficiente ao desenvolvimento, pois existe um trabalho de reorganização da ação cognitiva que não é dado pela linguagem, conforme alerta La Taille (1992). Em uma palavra, isso implica entender que o desenvolvimento da linguagem depende do desenvolvimento da inteligência.
Todavia, conforme demonstram as pesquisas psicogenéticas (La Taille, op.cit.; Furtado, op.cit., etc.), a emergência da linguagem acarreta modificações importantes em aspectos cognitivos, afetivos e sociais da criança, uma vez que ela possibilita as interações interindividuais e fornece, principalmente, a capacidade de trabalhar com representações para atribuir significados à realidade. Tanto é assim, que a aceleração do alcance do pensamento neste estágio do desenvolvimento, é atribuída, em grande parte, às possibilidades de contatos interindividuais fornecidos pela linguagem.
Contudo, embora o alcance do pensamento apresente transformações importantes, ele caracteriza-se, ainda, pelo egocentrismo, uma vez que a criança não concebe uma realidade da qual não faça parte, devido à ausência de esquemas conceituais e da lógica. Para citar um exemplo pessoal relacionado à questão, lembro-me muito bem que me chamava à atenção o fato de, nessa faixa etária, o meu filho dizer coisas do tipo "o meu carro do meu pai", sugerindo, portanto, o egocentrismo característico desta fase do desenvolvimento. Assim, neste estágio, embora a criança apresente a capacidade de atuar de forma lógica e coerente (em função da aquisição de esquemas sensoriais-motores na fase anterior) ela apresentará, paradoxalmente, um entendimento da realidade desequilibrado (em função da ausência de esquemas conceituais), conforme salienta Rappaport (op.cit.).
Também chamado de estágio da Inteligência Simbólica . Caracteriza-se, principalmente, pela interiorização de esquemas de ação construídos no estágio anterior (sensório-motor).
A criança deste estágio:
• É egocêntrica, centrada em si mesma, e não consegue se colocar, abstratamente, no lugar do outro.
• Não aceita a idéia do acaso e tudo deve ter uma explicação (é fase dos "por quês").
• Já pode agir por simulação, "como se".
• Possui percepção global sem discriminar detalhes.
• Deixa se levar pela aparência sem relacionar fatos.



“Para os autores Jean Piaget e Constance Kamii (1990) a criança nessa faixa etária é capaz de desenvolver várias habilidades necessárias a construção da noção de número, como por exemplo: observar, contar, calcular, classificar, seriar. A partir dessas capacidades ela poderá ter condições de construir a inclusão hierárquica; conseguindo realizar atividades que demonstrem as quantidades. Num primeiro momento, elas ainda não conseguem especificar tipos, nomes e medidas, mas consegue memorizar, principalmente, as noções concretas, tornando-se fator importante para essa aprendizagem adquirir o
gosto pelos números e suas operações. A internalização do conceito de quantidade depende do nível mental que Jean Piaget (1998, p. 31) nomeia de “reversibilidade”, que é a capacidade de fazer, desfazer mentalmente a mesma operação.

“A criança não pode conceituar adequadamente o número até que seja capaz de conservar quantidades, tornar reversíveis as operações, classificar e seriar.” (Jean Piaget)
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Segundo a autora a internalização do conceito de numero depende do nível mental que Jean Piaget (1998) nomeia de reversibilidade. Reversibilidade é a capacidade de fazer, desfazer mentalmente a mesma operação. Para ele a criança não pode conceituar adequadamente o número até que seja capaz de conservar quantidades, tornar reversíveis as operações, classificar e seriar. Assim, o educando (a) constrói, no seu intelecto, a noção de número.

No livro de Constance Kamii, também estão registradas algumas das questões cruciais que desafiam especialistas, professores e pais em relação à aquisição e ao uso do conceito de número pelas crianças de 4 a 7 anos. A criança nessa faixa etária é capaz de desenvolver várias habilidades necessárias à construção da noção de número, como por exemplo: observar, contar, calcular, classificar, seriar. A partir dessas capacidades ela poderá ter condições de construir a inclusão hierárquica, que em síntese com a ordem dos números, poderá construir o número, conseguindo realizar atividades que demonstrem as quantidades. Kamii afirma que, se as crianças conseguem construir os pequenos números elementares ao colocarem todos os tipos de coisas em todos os tipos de relações, elas devem persistir ativamente neste pensamento para complementar a estruturações do resto da série.

http://andersonhigo.blogspot.com/2009/06/resenha-crianca-e-o-numero.html

Gosto de refletir sobre as sensatas e lúcidas idéias do Dr Miguel Arroyo, porque meu modo de pensar e de agir, enquanto alfabetizadora, é muito similar à sua visão de educador. Eis algumas:

"O direito à educação nunca será garantido por um clube de amigos e amigas da cultura, de animais de estimação ameaçados, de crianças de rua, e agora a mídia e os governos lançam a campanha amigos da escola! mais um capítulo de nossa longa história, de sua descaracterização. A educação escolar tratada como uma erra vadia, sem cercas, facilmente invadida por aventureiros. Qualquer um entende, palpita sobre a escola" (Arroyo, Miguel, 2000-p. 22).

"As políticas de formação e de currículo é, sobretudo, a imagem do professor (a) em que se justificam, perderam a referência ao passado, à memória, à história, como se ser professor (a) fosse um cata-vento que gira à mercê da última vontade política e da última demanda tecnológica... que se julgam no direito de nos dizer o que não somos e o que devemos fazer, de definir nosso perfil, de redefinir nosso perfil social, nossos saberes e competências... através de um simples decreto."( Miguel Arroyo, 2000 (p. 24).



"O fato de um adolescente não saber ler não quer dizer que ele parou de crescer; ele continua sendo um ser humano que cresceu como ser humano. Os seres humanos não param de crescer em sua mente, em sua socialização, em sua auto-estima, em sua identidade, ou na sua capacidade de interpretar o mundo, independendo de saber ler ou não. Se fosse assim, os analfabetos seriam criancinhas, e não são! Pode haver um analfabeto que é líder sindical, líder do bairro, que dá conta de trabalhar, de construir uma família, de amar, de ter uma visão do mundo, às vezes mais lúcida do que uma pessoa que sabe ler.Ou seja, o ser humano não pára porque sabe ou não sabe ler. Agora, a função da escola, a nossa função como educadores(as), é que ele saiba ler, mas no tempo em que ele está, não ignorando esse tempo. Não estaremos desmerecendo o direito à leitura, à escrita, estamos dando a esse direito concretude humana. O respeito a seu tempo humano, cultural, mental, social, identitário vale para toda proposta de formação. (Miguel Arroyo)

"O que importa é que os professores e todos os educadores percebam que trabalham com crianças, com adolescentes, com jovens e entendam cada vez mais isso, a tal ponto que cheguemos um pouco como acontece na área da saúde – não levamos nossos filhos crianças num geriatra, os levamos para um especialista da infância, um pediatra. Na área da saúde já agimos assim. Cada profissional tem que entender não só do coração, do pulmão, mas também dos ciclos da vida em que as pessoas se desenvolvem, como seres humanos. O que é normal na área da saúde deveria ser também na área da educação. Trabalhamos com seres humanos totais em tempos de formação de aprendizagem, de socialização e de desenvolvimento. Que sabemos da especificidade de cada tempo? Como respeitar cada tempo humano?" (Miguel Arroyo)