terça-feira, 30 de junho de 2009

Prováveis causas da indisciplina escolar











Primeiramente, antes de qualquer achismo, preconceito ou julgamento precipitado, deve-se analisar qual é a nascente da indisciplina de um aluno, verificando: seu meio familiar, seu eu emocional, sua escola, seu meio social, suas experiências de vida.
Muitas vezes esse aluno é indisciplinado para chamar a atenção daqueles que estão ao seu redor: "Eu existo." "Ouçam-me!" "Preciso de atenção." "Ajudem-me". Assim sendo, a indisciplina pode ser uma forma humana e eloquente de expressão.
A escola deve ver seus alunos, crianças e adolescentes, como criaturas cheias de energia, de movimento e de emoção. Portanto, deve ter espaços adequados para que esses alunos possam movimentar-se, soltar seus "bichos", gastar sua energia, externar suas emoções; onde possam gritar, correr, pular, dançar, sentir-se gente. É cruel, em minha opinião, mantê-los somente nos limites da sala de aula, à nossa mercê.
A indisciplina cresce na mesma proporção em que valores humanos como respeito ao próximo, amor, solidariedade, importância da família, dos amigos, o valor da vida estão sendo ignorados. Uma criança criada num lar de violência, onde os pais não se respeitam, onde há também agressões verbais, onde é negligenciada, pode ter um comportamento apático ou indisciplinado na Escola. Não necessariamente por ser pobre, porque tudo isso também acontece em famílias com boa situação financeira.
Hoje, positivamente, coloca-se em pauta a seguinte questão nas reuniões de professores: “Que relação existe entre indisciplina e metodologia pedagógica?”. Surge uma conclusão relevante e que necessita de uma boa reflexão de cada Corpo Docente das escolas, cada um com suas particularidades. Muitos professores não levam em consideração em seu planejamento a realidade cultural e social que o aluno traz para a sala de aula, o que torna suas aulas sem significado para seus pupilos. Constituindo-se uma metodologia vazia, que não dialoga com o aluno, com suas vivências, angústias e necessidades. Os alunos sentem-se fora do mundo da escola, como se fossem alienígenas, para não dizer, como se fossem ignorados, rejeitados, sem importância. Suas experiências parecem não fazer parte do mundo elaborado pela escola.
Daí, a importância de um projeto pedagógico que vá de encontro às suas necessidades, à suas angústias, que resgate seu interesse, que desenvolva o seu pensar crítico e autônomo, também, quanto à vida do outro, do coletivo, como sujeito que faz história, transformador da realidade onde está inserido, individual e universalmente.
Três aspectos que considero como prioritários para refletirmos no nosso Projeto de Aprendizagem: Construção coletiva de regras entre alunos e professor e a retomada das mesmas para reformulá-las e debatê-las sempre que se fizer necessário; estabelecimento de uma convivência respeitosa no tratamento entre professor/aluno, aluno/professor, aluno/aluno, funcionário/aluno, aluno/funcionário, professor/família, família/professor, comunidade/aluno, aluno/comunidade; promoção do afeto e da sensibilidade que são salutares nas relações humanas.

"... o professor com autoridade é também aquele que deixa transparecer as razões pelas quais a exerce: não por prazer, não por capricho, nem mesmo por interesses pessoais, mas por um compromisso genuíno com o processo pedagógico, ou seja, com a construção de sujeitos que, conhecendo a realidade, disponham-se a modificá-la em consonância com o projeto comum." (Luna, p.69-1991)

quinta-feira, 4 de junho de 2009

Refletindo sobre disciplina escolar nos dias de hoje

A História nos mostra que a escola sofreu muitas transformações, muitas mudanças desde o autioritarismo exagerado de alguns professores até o excesso de liberdade oferecida por outros. Ambas posturas educacionais e pedagógicas que prejudicam o trabalho escolar, seu fim maior, a construção do conhecimento. Muitas vezes, é aí que se esconde a nascente da indiscilina escolar.
É inadmissível que em pleno Século XXI, na era das Tecnologias da Informação e da Comunicação, da possibilidade de manifestarmos nossas vontades, dificuldades e desagrados, da luta pelos direitos humanos, as escolas ainda mantenham essa maneira obsoleta e ineficaz, centralizadora, autoritária, ditatorial de fazer educação.
A educação exige que as Instituições Escolares promovam o exercício da cidadania, o movimento, a troca, o debate em aula, a divergência de idéias e pontos de vista e a capacidade de chegarmos a um concenso para que professores, pais, alunos e funcionários manifestem suas opiniões, seu pensamento: questionando, sugerindo, participando, elaborando juntamente com a Administração Escolar as regras que devem permear e qualificar a convivência em aula.



Mas como obteremos mais disciplina em aula?



O diálogo, a construção coletiva de regras disciplinares ajudaria alunos e profesores, gradativamente, a assumí-la, tendo como parâmetro a necessária condição para o bom desenvolvimento da convivência social e da aprendizagem em aula.
"Amar e conhecer. Sustenta que a linguagem se fundamenta nas emoções e é a base para a convivência humana". (Maturana)



Precisamos seduzir nosso aluno, conquistar sua confiança, não com discursos bonitos, articulados e vazios, mas como um educador que facilite a expressão/manifestação/posição do aluno. Sendo um professor preocupado e comprometido com seu "povo", responsável e interessado em buscar novos caminhos para transformarem a escola que reforça a desigualdade social, étnica, religiosa, defendendo a escola popular, que ajude seu aluno a ser disciplinado. Só é disciplinado o ser humano que se sente valorizado, ouvido e necessário para mudar a sua realidade, que vive uma escola que lhe permite conhecer o mundo além dos muros escolares, uma escola que acredita na sua capacidade de pensar e agir eticamente na sua ação social e educacional, com propriedade, com ações e argumentos sólidos e amadurecidos sempre no coletivo.



"O professor deve ser como um maestro que rege os instrumentos ,

sabendo que cada um de seus alunos é diferente. Dessa forma,

consegue desenvolver as três habilidades fundamentais: cognitiva

(que é o conhecimento propriamente dito), social (que é essa

relação interpessoal, a visão social de mundo e a cidadania) e

afetiva (que é o emocional). Na dimensão afetiva, o aluno aprende a

ser equilibrado."(Chalita, 2005, p.24)