domingo, 29 de junho de 2008

Ciclo da Água na Natureza










A ÁGUA NOSSA DE CADA DIA



A-DADOS DE IDENTIFICAÇÃO:


Escola: Escola Municipal Cincinato Jardim do Vale, parada 76-Gravataí
Turma: 1º Ano- Turma 12
Faixa etária: 6/7 anos
Período: + / - 10 dias
Número de Alunos: 24



B-JUSTIFICATIVA:

A água é vital para a vida em nosso planeta. É indispensável sua presença em nosso dia-a-dia e nas dos outros seres vivos: plantas e animais.
O homem devido à sua má ação em relação ao ambiente e o mau uso de seus recursos naturais colocou em perigo de extermínio nossos recursos hídricos e, conseqüentemente a vida na Terra.
A água é um bem precioso, mas finito. Hoje, é muito difícil encontrar água de qualidade tanto para o uso doméstico quanto para o uso na irrigação, mesmo em nosso país, que possui 20% da água potável do Planeta Terra.
Por isso, faz-se necessário e imediato que eduquemos e conscientizemos as novas gerações à importância da preservação da água, viabilizando a continuidade da vida em nosso planeta. Justifico assim esse planejamento.

C-OBJETIVOS:


*Promover atividades observatórias, práticas e reflexivas que ajude meu aluno a entender o Ciclo da Água na natureza, conscientizando-o da importância de sua preservação para a continuidade da vida no Planeta terra.
*Realizar atividades que permitam ao meu aluno o desenvolvimento da sua capacidade argumentativa , hipotética , conclusiva e de registro.
*Permitir o envolvimento de suas famílias nessa conscientização.





D-ATIVIDADE PRÁTICA:



1º DIA: Meus alunos estão acostumados, em sua rotina escolar, a observar o tempo (clima) do dia pela janela da sala ou indo até a rua para depois relatá-lo, socializando suas observações, na “Rodinha” e atualizando a “Janelinha de tempo” que temos na sala com a gravura que represente o tempo do dia.
Daria início, portanto a esse planejamento num dia de chuva, questionando-os e registrando suas hipóteses:
*Como está o tempo, hoje?
*Como está o céu?
*O que podemos fazer num dia de chuva?
*Que coisas não podemos fazer?
* O que usamos em dia de chuva?
*De onde vocês acham que vem toda essa água?
*Essa chuva é importante? Por quê?
*O que pode acontecer quando chove demais?
*E quando não chove por muitos dias?
*Para onde vocês acham que vai toda essa água da chuva?
*Será que sempre teremos chuva?
*Fulano, pegue no armário a gravura que mostra o tempo do dia e coloque-o em nossa “Janelinha do Tempo”.

Anotaria as hipóteses das crianças não me preocupando como expressam suas idéias, mas como as explicam e as defendem, oportunizando-lhes a construção de seus próprios argumentos, garantindo a palavra a todos, partindo de seus conhecimentos e vivências anteriores, incentivando-os a realizarem seus registros através de desenhos.

TAREFA DE CASA: Conversar em casa com seus familiares sobre de onde vem à água da chuva e para onde ela vai. Com a ajuda dos mesmos recortar gravuras que mostrem a chuva ou sua influência na vida das pessoas. Ganharão tiras de papel onde com a ajuda da família escrevam palavras que representem essa idéia.


2º DIA: Exposição em painel das gravuras coletadas em casa com as respectivas palavras que representem as idéias das famílias sobre a chuva seus benefícios e malefícios.
Socialização da rodinha dessas idéias:
*Quando é que a chuva faz bem aos seres vivos?
*Quando é que a chuva pode nos trazer prejuízos?


TAREFA DE CASA: Pediria a quatro famílias o empréstimo de quatro fogões de acampamento (com duas “bocas”) com o respectivo bujão de gás. Isso possibilitará que eu divida a sala em quatro grupos de seis crianças em cada um, com a colaboração da Supervisora , da Orientadora da escola e de uma mãe voluntária e esclarecida para ajudarem-me na tarefa prática sobre Ciclo da Água.

3º DIA: Prepararia previamente a sala de aula instalando com a ajuda das colegas os fogões. Um em cada mesa, onde colocaria seis crianças, dispondo dos seguintes materiais: uma panela com um pouco de água.
Cada grupo de crianças teria a oportunidade de observar a evaporação da água ao vê-la ferver sob a supervisão de cada colaboradora, evitando aglomero e acidentes.
Questionamentos e socialização de idéias:
*O que estamos fazendo?
*Por que vocês acham que se formaram essas bolhinhas dentro da água da panela?
*Que fumacinha é essa que saiu ao ferver a água?
* Vamos fazer outra atividade para ver em que vai se transformar essa fumacinha?

Colocaria a uma certa distância da panela de água fervendo uma forma de alumínio de tamanho médio para que as crianças percebam a formação de gotículas de água que possam cair em formato de chuva.
Questionamentos e socialização:
*O que aconteceu na forma de bolo quando a fumacinha chegava até ela?
*E quando essas gotinhas cresciam o que acabou acontecendo com elas?
Anotar as hipóteses das crianças.

Representar o que viram através de desenho.


4º DIA: Organizarei, previamente, em cada mesinha redonda da sala de aula, duas tigelas de vidro transparentes de água: uma com muito gelo e outra sem. Em cada mesa seis crianças estariam distribuídas para observarem e desenharem o que estavam vendo.
Questionamento e socialização na “Rodinha”:
*Quem gostaria de explicar com suas palavras o que fizemos?
*O que aconteceu com o gelo que tinha na tigela?
*O que aconteceu com a tigela que tinha gelo?
*E com a outra tigela?
*Por que vocês acham que a tigela com gelo começou a suar, verter água?
*Vamos desenhar nossa experiência.

Todas os registros feitos pelas crianças serão expostos por partes para que os ajudem a manter a coerência dos acontecimentos e do seu raciocínio.

5º DIA: Todas as experiências que realizamos nesses dias com a água fervendo, as gotinhas que caíam da forma de bolo e a tigela que vertia água conforme o gelo derretia teria alguma coisa a ver com a chuva que cai em nosso planeta? (Deixarei que falem, anotando suas respostas, suas idéias).
*O que acontece com a água da roupa molhada que está no varal?
*Por que em dia de sol ela seca?
*Por que em dia de chuva não adianta colocar a roupa no varal?
*O que será que aquece a água da roupa, fazendo essa aguinha virar fumacinha, vaporzinho?
*Para onde vai essa fumacinha? O que ela forma lá no céu?
*Quando as nuvens estão cheinhas e já não agüentam mais tanta água, o que pode acontecer?
Hoje vamos ao TELECENTRO de nossa escola para assistir a um vídeo de desenho animado que mostra como a chuva se forma na natureza e como enche nossos rios, lagos e mares. Esse vídeo nos mostrará, também, como é o Ciclo da Água na.
Natureza e de que maneira podemos ajudar a preservar a água, que é tão importante na nossa vida e na vida dos outros seres vivos:
http:/www.youtube.com/watch?v=g26Wk4gpkws

6º DIA: Questionamentos a partir do vídeo:
*O que o calor do sol faz com a água dos rios, mares, lagos?
*Esse fumacinha que sobe para o céu forma o quê ?
*Quando as nuvens estão carregadas de água, o que acontece?
*Essa chuva que cai é importante para a vida no Planeta terra? Por quê?
Vamos desenhar o Ciclo da Água na natureza.
Elaboração de um texto coletivo que explique o Ciclo da água na natureza.

TAREFA DE CASA: Recorte e cole com a ajuda de seus familiares gravuras que mostrem a importância da água para a vida no Planeta Terra? Cada família elaborará com seu filho numa folha de papel : “Como poderá cuidar e preservar a água em casa ?”


7º DIA: Montagem de um painel com as gravuras que mostram a importância da água para os seres vivos na Terra de um lado. No outro lado do painel: “Como podemos preservar a água em casa”?
Socialização das discussões em casa na “Rodinha”. Questionamentos:
*Como podemos evitar o desperdício de água na escola?
*O que vamos fazer para ensinar as outras turmas da escola a preservar a água, evitando seu desperdício em casa e na escola?


E-FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA:



A água é de fundamental importância para a vida no Planeta Terra, pois todas as formas de vida sobreviverão à medida que tiverem esse elemento vital à sua disposição no mundo.
Os recursos hídricos são finitos, mesmo que haja abundância de água em nosso planeta, pois menos de 3% da água da Terra é potável. 99% d água está congelada dificultando assim a sua utilização pelo homem.
60 a 70% de nosso corpo é composto de água, regulando nossa temperatura interna, sendo essencial para o funcionamento de nosso Sistema Circulatório, Sistema de Absorção, Sistema Digestivo, Sistema de Evacuação, da temperatura do nosso corpo.
O Ciclo da água nada mais é do que um imenso sistema natural de purificação e reciclagem da água na Terra. É um processo elo qual a água que está em nossa atmosfera como vapor condensa e volta á Terra na forma de chuva. Estando na Terra a água torna a evaporar, dando continuidade à sua ordem cíclica natural.
30% da água que cai em forma de chuva não evapora, fica no interior da terra, nos lençóis subterrâneos. A outra parte, em lagos rios, córregos, cachoeiras, riachos, açudes,mares, oceanos, na superfície da Terra.
25% da água da chuva forma a matéria orgânica de que se constituem os seres vivos.
O Ciclo da Água nas cidades é modificado pela impermeabilidade do solo, pela falta de áreas florestais e pelo excesso de construções.
Para não faltar a ordem é poupar:
*Quando escovamos os dentes, devemos molhar a escova e depois fechar a torneira. Voltar a abrí-la para enxaguar a boca e a escova. (Economia de 16.425 litros de água por ano).
*Diminuir o tempo de banho: Em 5 minutos um chuveiro gasta 70 litros de água ( 25.550 litros por ano)
*Lavar o carro com balde, pois lavá-lo com mangueira aberta desperdiça 600 litros de água.
* Controlar os vazamentos de água estando de olho na conta de água.
*Economize energia elétrica. Assim você estará colaborando com seu bolso, com o meio ambiente, evitando a construção de novas represas que causam um grande impacto ambiental.
*Um dos maiores causadores do transbordamento e inundações é a presença de lixo que demora a se decompor nos rios, lagos, esgotos, etc.: papel, panos, filtro de cigarro, garrafas pet, pacotes de salgadinho, borracha, vidro, etc.
*Use a vassoura para limpar as calçadas e os quintais. Não use o esguicho.



“Se é verdade que o gênero humano, cuja a dialógica cérebro/mente não está encerrada, possui em si mesmo recursos criativos inesgotáveis, pode-se , então vislumbrar para o terceiro milênio a possibilidade de nova criação cujos germes e embriões foram trazidos pelo século XX : a CIDADANIA TERRESTRE. E a EDUCAÇÃO, que ao mesmo tempo transmissão do antigo e abertura da mente para receber o novo, encontra-se no cerne dessa nova missão.” (Edgar Morin, p. 72-Os Sete Saberes Necessários à Educação do Futuro)

“A compreensão é ao mesmo tempo meio e fim da comunicação humana. O planeta necessita, em todos os sentidos, de compreensões mútuas. Dada a importância da educação para a compreensão, em todos os níveis educativos e em todas as idades, o desenvolvimento da compreensão necessitada reforma planetária das mentalidades; esta deve ser a tarefa da educação do futuro.” (Edgar Morin, p. 104-Os Sete Saberes Necessários à Educação do Futuro)


F-METODOLOGIA DE ANÁLISE DA ATIVIDADE DAS CRIANÇAS:


As crianças apresentarão suas conclusões através de suas socializações na “Rodinha” e dos cartazes com suas hipóteses e conclusões que serão por mim confeccionados para exposição.
Meus alunos ainda não estão alfabetizados, por isso seus registros serão feitos através de desenhos, da montagem de painéis que serão expostos para a comunidade escolar e, também, na montagem de textos coletivos com suas efetivas participações.
Faremos também o envolvimento das outras turmas do currículo através de estratégia que será escolhida no final desse processo.


G-AVALIAÇÃO:


A avaliação será feita constantemente, percebendo o grau de envolvimento e de compreensão do aluno nas aprendizagens propostas, estando atenta, também, ao que deve ser mudado durante o processo para garantir o sucesso no alcance dos objetivos.
A partir desse planejamento, observarei seus hábitos e atitudes em relação aos cuidados com a água no banheiro ao escovar seus dentes, ao lavar as mãos antes do lanche e ao saciar sua sede nos bebedouros da escola, já que os acompanho diariamente nessas atividades, pois não temos banheiro e nem bebedouros na sala.



Site por mim pesquisado:

http://www.cunolatina.com.br/dicas.htm


Livro pesquisado:

Os Sete Saberes Necessários à Educação do Futuro- Edgar Morin

domingo, 22 de junho de 2008

Atividade com meu Primeiro Ano sobre luz e sombra



1.Objetivo:
*Promover uma atividade que permita ao aluno experenciar a formação de sombras com diversas figuras geométricas pretas ou brancas, pequenas ou grandes num dia de sol, com céu azul, para que possa construir o conceito de sombra, refletindo sobre a importância da luz e do escuro na natureza e na nossa vida.

2. Série: 1º ano

3. Faixa etária: 6/7 anos

4. Desenvolvimento:

Confeccionei as figuras geométricas: quadrado, retângulo, círculo nas medidas e nas cores estabelecidas em E.V.A.
Antes de irmos para a rua conversei com eles sobre a atividade: Por que íamos para a rua naquele dia, com aquele material. O que eles poderiam fazer com aquele material. Deixei-os manuseá-los em aula.

Como todos são pequenos e ainda têm certa dificuldade de organizarem-se em grupos, na rua, deixei que todos tivessem acesso aos materiais e que fizessem as sombras que bem entendessem, sem direcioná-los, a princípio, e que pudessem também fazer as trocas e experimentações que julgassem necessárias para esgotarem a excitação da novidade, para poder começar a dirigi-los.
Foi uma loucura. Todos estavam envolvidos e ávidos para descobrirem e criarem suas próprias sombras. Alguns tentavam copiar as sombras criadas pelos colegas com suas figuras geométricas. Também surgia o conflito por causa disso. Tudo normal para a idade, exigindo a mediação da professora.

4.1.Atividade Dirigida:

Não foi preciso usar o lençol, pois quinta-feira, dia 12 de junho, estava um dia tão ensolarado que eles podiam criar as sombras na parede da escola mesmo. Sugeri que obtivessem sombras iguais com dois recortes diferentes, comentários deles:
-Prô como é isso?
-Não tô conseguindo. Faz para mim, Prô?
-Não tem jeito. Que saco!
Não dei respostas, apenas incentivei-os a continuarem tentando.
Solicitei, então, que pegassem figuras diferentes, formando outras sombras. Comentário deles:
-Gente, com dois círculos pequenos e um grande fiz uma sombra de Mickey.
-Eu fiz um carro.
-Troca comigo, Weslem, para ver que sombra eu faço com as tuas figuras e tu com as minhas.
Fiz um material abundante para que todos pudessem ter acesso e participassem.
Alguns alunos começaram a deixar as figuras geométricas de lado e começaram a fazer sombras com suas mãos e até usando seus corpos sozinhos ou em duplas, trios. Também entrei na “dança”

4.2.Debatendo com as crianças:
*Para haver sombra é necessário haver luz? Sim o raio do Sol faz luz e aí se pode fazer sombra; Sombra é a luz forte do sol impedida por alguma coisa.
*Sombra é o mesmo que escuro? Sombra é uma coisa forte que impede a passagem da luz do sol; Pode ser a mesma coisa que escuro, porque a noite existe porque não tem mais raio do sol.
*Que atividades só fazemos no claro? Ir na aula; Brincar na rua; Ler os livrinhos da biblioteca; Escrever letras; Contar palitos; Enxergar bem as coisas; Andar de bicicleta.
*E no escuro, que atividades podemos fazer? Andar de bicicleta no escuro é perigoso; Andar dentro de casa no escuro não é legal; No escuro é bom para dormir; Eu tenho medo do escuro, por isso durmo com um abajur aceso; Preciso de lanterna para achar as coisas no escuro.
*Dê um exemplo de algo na natureza que só acontece no claro: O dia, prô; Quando é claro é mais quentinho; A gente só vê o sol de dia.
*Dê um exemplo de algo da natureza que só ocorre no escuro: A lua e as estrelas a gente vê no escuro; Às vezes se vê a lua de dia. As plantinhas ficam molhadinhas de noite. Minha vó diz que é por causa do sereno.


*Dê um exemplo de algo na natureza que acontece no claro e no escuro: A gente respira, prô; Pode chover e trovejar.
*Você acha a sombra importante na natureza? Por quê? Acho que a sombra é boa quando a gente tá com muito calor; É, prô, a sombra refresca a gente; Por isso é bom jogar futebol na sombra;
*A sombra de uma árvore é igual durante todo o dia? Seria bom observar, prô mas eu acho que essa sombra muda; Muda sim, porque o sol passeia no céu e vai batendo diferente nela; É, agora ela bate aqui, a sombra e depois ela bate lá. O Sol é passeador, por isso a sombra da árvore muda de lugar.

5. Construção coletiva do conceito de sombra usando o vocabulário e a estrutura frasal dos alunos:

Sombra é o escuro preto, que aparece quando alguma coisa tampa o raio do sol, não deixando ele passar. Às vezes, o escuro vence o Sol.

6.Avaliação:

São crianças pequenas e curiosas e necessitam outras experiências sobre o assunto para poderem, a partir de suas próprias vivências e dessa atividade continuarem a buscar suas respostas. Muitas vezes, tive vontade de dar-lhes respostas, mas não tenho o direito de tirar-lhes a magia da curiosidade.
Na terça-feira, dia 17 de junho veremos um vídeo infantil sobre luz e sombra. Como vêem estamos apenas começando. Estamos em processo de construção desse conhecimento.

7. À luz do pensador:

“A educação deve favorecer a aptidão natural da mente em formular e resolver problemas essenciais e, de forma correlata, estimular o uso total da inteligência geral. Este uso total pede o livre exercício da curiosidade, a faculdade mais expandida e a mais viva durante a infância e a adolescência, que com freqüência a instrução extingue e que, ao contrário, se trata de estimular ou, caso esteja adormecida, de despertar.” (Edgar Morin, p.39-Os Sete Saberes Necessários à Educação do Futuro)

“O Planeta Terra é mais do que um contexto: é o todo ao mesmo tempo organizador e desorganizador de que fazemos parte. O todo tem qualidades ou propriedades que não são encontradas nas partes, se estas estiverem isoladas umas das outras, e certas qualidades ou propriedades das partes podem ser inibidas pelas restrições provenientes do todo. (Edgar Morin, p.37_ Os Sete Saberes Necessários à Educação do Futuro)

domingo, 15 de junho de 2008

Uma atitude docente e cidadã


Por mais que nos sintamos sós e desestimulados dentro de nossas escolas, devemos segurar a peteca para não cair, continuando a acreditar na possível mudança na educação. Sei que as pessoas são resistentes, prepotentes, porém alguém deve ter coragem de introduzir essa discussão dentro das unidades de ensino. Esse alguém pode ser nós, alunos do PEAD. Devemos mostrar nas reuniões pedagógicas nosso trabalho diferenciado e os bons resultados na aprendizagem dos alunos. Quando surgirem descréditos e dúvidas devemos respondê-los com segurança, baseando-se na bagagem teórica que o Pead nos oferece refletida em nossa prática pedagógica.
Conflitos serão criados, mas são necessários e providentes para que haja o debate, o desequilíbrio, a desacomodação para possibilitar as mudanças que poderão ser poucas e demoradas, mas serão concretas e possíveis. Um grupo docente remexido nunca mais será o mesmo e será um campo fértil para as sementes que por nós serão lançadas.
Não devemos nos deixar levar pelo vírus do comodismo, da preguiça e do pessimismo alheio. Mas tudo isso deve ser realizado com muito respeito ao outro, com humildade. Tudo em prol da educação, pelo bem das crianças e da coletividade.

"Além de um ato de conhecimento, a educação é também um ato político. É por isso que não há pedagogia neutra." (Paulo Freire,p.25- Medo e Ousadia)

"A responsabilidade diretiva em nossa pedagogia, e em qualquer outra, exige que o professor tenha objetivos e um ponto de vista, um sonho ou outro, o que significa que ele não pode ser neutro no processo." (Ira Shor,Medo e Ousadia)

 Geraldo Vandré - Pra Não Dizer que Não Falei das Flores

quarta-feira, 11 de junho de 2008

Perguntando

Desde que começamos essa atividade, "Trabalhando com perguntas" tenho me educado a estar atenta e conectada aos questionamentos de meus alunos. Tem sido um exercício muito rico e divertido. Inclusive, eles estão notando essa minha nova postura e eu mesma estou aprendendo muito agindo assim. Li muitas vezes o texto "Fazer perguntas" para compreendê-lo e refletí-lo. Tenho sido mais questionadora, desafiadora, também procurando promover uma aprendizagem mais colaborativa entre eles. Quero contar-lhes sobre um fato que aconteceu no turno da tarde com minha turma de 1º ano da E. M. Cincinato Jardim do vale.Eis aí um capítulo da minha novela:


Hoje, ao retomar nossos estudos sobre as vogais, chamei-as de letras cantoras e ao pronunciá-las, dei ênfase à musicalidade dessas letras. Um aluno questionou-me:
(Rafael) - Prô, porque o "a,e,i,o,u" são "cantoras"?
Devolvi a pergunta:
(Prô Rose) - Por que tu achas que eu chamei-as de cantoras?
(Rafael)- Por que elas tem som, um barulho delas.
Uma outra aluna entra na conversa:
(Morgana)- O “EME” que começa o meu nome é cantor, Prô?
(Prô Rose)- “EME” é o nome dele.
(Vithor)- Qual é o som dele, então, Prô?
(Prô Rose)- Quem sabe vocês, colegas, possam ajudar o Vithor a achar o som do “EME”?
(Vitória)- "MMMMMMM" (Parou, pensou). É, Prô, ele é um pouco mudinho quando está sozinho. Tenta falar, tenta e não sai nada.
(Prô Rose?)- Como é que podemos ajudá-lo a falar?
(Erick)- Põe uma letra cantora do lado dele.
Fizemos o que o colega disse. Eles adoraram. Ficavam trocando a vogal do "EME" e lendo a sílaba formada.




Assim, oportunizei meus alunos a pensarem, sendo rápidos e precisos e eu disse tão pouco, e consegui questioná-los durante todo o tempo, fazendo com que nosso diálogo fosse consistente, inteligente, colaborativo e muito significativo para eles.
Esse exercício, tanto para mim quanto para eles, foi uma poderosa forma socializadora de solucionar nossos problemas, de dar-nos mais segurança no processo formador de meus alunos e de minha prática mais questionadora.
Podemos, colegas, mantermo-nos, como as crianças, curiosos e abertos ao novo, à criação. É um gostoso exercício.


“Estimular a pergunta, a reflexão crítica sobre a própria pergunta, o que se pretende com essa ou com aquela pergunta em lugar da passividade em face das explicações discursivas do professor, espécies de respostas a perguntas que não foram feitas. Isso não significa realmente que devamos reduzir a atividade docente em nome da defesa da curiosidade necessária, a puro vai-e-vem de perguntas e respostas, que burocraticamente se esterilizam. A dialogicidade não nega a validade de momentos explicativos, narrativos em que o professor expõe ou fala do objeto. O fundamental é que professor e alunos saibam que a postura deles, do professor e dos alunos, é dialógica, aberta, curiosa, indagadora e não apassivada, enquanto fala e enquanto ouve. O que importa é que professor e alunos se assumam epistemologicamente curiosos." (Paulo Freire, p.86-Pedagogia da Autonomia)

domingo, 8 de junho de 2008

Projetos Interdisciplinares

Considero muito importante que possamos desenvolver Projetos de Estudos Sociais, principalmente quando alcançamos a interdisciplinaridade, todos os segmentos da escola ( alunos, professores, pais e comunidade em geral). Darei um exemplo: Há alguns anos minha escola, durante o mês de setembro, desenvolve um Projeto sobre o Rio Grande do Sul.
Convidamos invernadas artísticas de outras escolas para apresentarem-se para nossa comunidade escolar.
Visitamos CTGs e participamos de suas programações artísticas. Refletimos com os alunos sobre a realidade política e social da Revolução Farroupilha, procurando não mitificar seus personagens.
Organizamos peças teatrais sobre as lendas gaúchas \"A lenda do Primeiro Gaúcho\", \"Negrinho do Pastoreio\", \"A Carreta de Ouro\". Para realizar com beleza e caracterização os personagens envolvemos as famílias dos alunos na confecção da indumentária e do cenário.
Semanalmente, na \"Hora do Conto\" na Biblioteca todas as turmas tomam conhecimento dessas lendas e da cultura gaúcha propriamente dita, reforçando o que é visto e falado em sala de aula.
Estudamos o vocabulário gaudério e os ditados gauchescos ( \"Mais perdido do que cusco em procissão\" ) desde o Pré até a 4ª série, bem como a formação do povo gaúcho, respeitando o interesse e a faixa etária da criança.
Localizamos Gravataí no RS, o RS no Brasil, o Brasil no mundo. As crianças podem frequentar a escola pilchados, na medida de suas possibilidades. Há rodas de chimarrão, onde uma turma convida outras para participar, bem como a seus pais, onde também são preparadas as contações de causos.
É na \" Hora do Conto\" na Biblioteca que os alunos planejam as exposições artísticas e de suas produções escritas.
Algumas turmas preparam danças: Cana Verde, Pezinho, Balaio,etc. e apresentações musicais tanto de músicas gauchescas quanto referentes à imigração alemã e italiana, resgatam brincadeiras folclóricas introduzidas pelos imigrantes.
Envolvimento da família:
* Em 2005, partindo do conto \" A lenda da Carreta de Ouro\", os alunos foram convidados a confeccionarem, com a ajuda de suas famílias, uma carreta de qualquer material, tamanho e acessórios . na culminância desse projeto dá-se as apresentações artísticas e as exposições com a visitação de toda a comunidade escolar.
*Em 2006, partindo da peça teatral \"Lenda do primeiro Gaúcho\" todas as turmas com suas famílias confeccionaram para exposição bonecos e bonecas de pano vestidos com pilcha. Recebemos 91 bonecos para exposição numa realidade de 340 alunos(incluindo irmãs e irmãos).
São alguns exemplos de um Projeto de Estudos Sociais interdisciplinar, socializador, extremamente cultural e regional numa escola pública.


Continuando a abordar sobre Projetos de Estudos Sociais interdisciplinares, coloco sobre outro projeto anualmente desenvolvido em minha escola, no mês de julho sobre os avós, sendo todas as turmas envolvidas, bem como toda a comunidade escolar. Relato algumas atividades que realizamos:
*Avós são convidados a participarem da sala de aula contando suas histórias de vida ou folclóricas (Contação de Histórias), para falar de sua origem, sua visão sobre os dias de hoje e seu tempo de infância, para ensinar as crianças pequenas alguma brincadeira folclórica, para participar de jogos e de gincanas previamente preparadas pelas crianças sobre a orientação do professor. Cada turma estabelece essa participação conforme seus interesses e possibilidades. Os avós que não podem participar respondem enrevistas em suas casas que são lidas e debatidas, enviam fotos de seu tempo de criança, de jovem e que são colocadas nos murais de sala de aula.Fazemos questão da participação na sala de aula de avós brancos, negros, ciganos, dependendo das famílias que temos no ano.
*Há turmas que preparam adaptações teatrais sobre os livros infantis com o auxílio da Bibliotecária: A Velhinha que dava nome às coisas, de Cynthia Ryland (abordando sobre a solidão do idoso), A colcha de retalhos, de Silva e Silva (fala a relação de avós e netos no resgate da memória), O menino e seu amigo, de Ziraldo (onde o autor escreve com delicadeza e afeto sua relação com seu avô), Vovó Delícia, também de Ziraldo (uma homenagem do autor às vovós modernas e descoladas, Guilherme Augusto Araújo Fernandes ( A história de um menino que mora ao lado de um asilo e faz de tudo para devolver a memória de uma velhinha sua amiga, um exemplo de amizade, afeto e respeito aos idosos);
* Visitações a asilos, organizadas por um grupo de crianças de várias idades, levando guloseimas e outros presentes necessários aos idosos, trazidos de casa, bem como conversas por algum tempo com eles, fazem algumas apresentações.
*Discussões sobre os problemas enfrentados pelos idosos em nossa socieade, o que nossa cidade oferece para a terceira idade e como podemos transformar essa realidade em casa e em nosso entorno.
*Englobamos também durante o projeto conteúdos de matemática e ciências, por exemplo, \\\\\\\"Doenças da Terceira Idade\\\\\\\", histórias matemáticas envolvendo as 4 operações.
*As redações sobre o tema abordado em seus diversos enfoques são cobradas dos alunos ao final de todas essas vivências para que tenham conteúdo e conhecimento para escrever.
*A culminância desse projeto é o \\\\\\\"Chá da Vovó\\\\\\\" oferecido pelo nosso CPM para os alunos e seus avós, organizado previamente no turno da tarde, onde ocorre as apresentações e exposição dos trabalhos confeccionados pelas crianças. Durante o Chá do ano passado, uma avó tocou teclado e cantou com sua neta do
Primeiro Ano músicas antigas e modernas.


"Ao sistematizar o ensino do conhecimento, os currículos escolares ainda se estruturam fragmentadamente e muitas vezes seus conteúdos são de pouca relevância para os alunos, que não vêem neles um sentido.

É importante deixar claro que a prática docente, ao adotar a interdisplinaridade como metodologia no desenvolvimento do currículo escolar, não significa o abandono das disciplinas nem supõe para o professor uma “pluri-especialização” bem difícil de se imaginar, com o risco do sincretismo e da superficialidade. Para maior consciência da realidade, para que os fenômenos complexos sejam observados, vistos, entendidos e descritos torna-se cada vez mais importante a confrontação de olhares plurais na observação da situação de aprendizagem. Daí a necessidade de um trabalho de equipe realmente pluridisciplinar.

A contextualização, outro princípio pedagógico que rege a articulação das disciplinas escolares, não deve ser entendida como uma proposta de esvaziamento, como uma proposta redutora do processo ensino aprendizagem, circunscrevendo-o ao que está no redor imediato do aluno, suas experiências e vivências. Um trabalho contextualizado parte do saber dos alunos para desenvolver competências que venham a ampliar este saber inicial. Um saber que situe os alunos num campo mais amplo de conhecimentos, de modo que possam efetivamente se integrar na sociedade, atuando, interagindo e interferindo sobre ela.

Os princípios da identidade, diversidade e autonomia redefinem a relação a ser mantida entre os sistemas de ensino e as escolas. Essa proposta não deve ser entendida como ausência ou omissão do Estado. Ao contrário, a identidade e a autonomia das escolas são exercidas no contexto constituído por diretrizes gerais de ação e assessoramento à implantação das políticas educacionais, o que exige dos sistemas educacionais (federal, estaduais ou municipais), para que a autonomia não se configure como descaso ou abandono, a definição de diretrizes de uma política educacional que reflita as necessidades e demandas do sistema, em consonância com as Diretrizes Nacionais e a estruturação de mecanismos de supervisão / assessoramento, acompanhamento e avaliação dos resultados do desempenho das escolas.

É importante ressaltar que essa autonomia implica em planejamento conjunto e integrado da escola, expressão de um compromisso tácito entre os agentes envolvidos sobre objetivos compartilhados, considerando a especificidade, as necessidades e as demandas de seu corpo docente e discente, criando expressão própria e local ao disposto na base nacional comum.

Esses pressupostos justificam e esclarecem a opção pela organização do currículo em áreas que congregam disciplinas com objetos comuns de estudo, capazes, portanto de estabelecer um diálogo produtivo do ponto de vista do trabalho pedagógico, e que podem estabelecer também um diálogo entre si enquanto áreas.

Ao ser mantida uma disciplinarização, existente ainda nos currículos escolares, a organização da escola se mantém inflexível, o que dificulta uma prática docente mais articulada e significativa para os alunos. As aulas se sucedem de acordo com uma “grade” curricular em tempos sucessivos, tratando de temas dissociados um dos outros.

Várias iniciativas de articulação dos conhecimentos escolares têm sido realizadas. Um dos modelos de integração disciplinar é a multidisciplinaridade: o mesmo tema é tratado por diferentes disciplinas, em um planejamento integrado. Outro método de trabalho didático é aquele em que o currículo se constitui ou se desenvolve em uma série de projetos que problematizam temas da sociedade, que tenham interesse para o grupo.

Uma articulação possível é a de diversos campos de conhecimento, a partir de eixos conceituais. Uma metodologia importante de trabalho didático é a que se dá através de conceitos, como tempo, espaço, dinâmica das transformações sociais, a consciência da complexidade humana e da ética nas relações, a importância da preservação ambiental, o conhecimento básico das condições para o exercício pleno da cidadania. A articulação do currículo a partir de conceitos-chave, sem dúvida, dá uma organicidade ao planejamento curricular.

É necessário um planejamento conjunto que possibilite a eleição de um eixo integrador, que pode ser um objeto de conhecimento, um projeto de intervenção e, principalmente, o desenvolvimento de uma compreensão da realidade sob a ótica da globalidade e da complexidade, uma perspectiva holística da realidade."( Fundação Darcy Ribeiro)