quinta-feira, 29 de maio de 2008

Como abordaria o Rio Grande do Sul em minhas turmas de 1º ano


Do ano de 2002 ao ano de 2007, trabalhei com 2ª série do ensino de oito anos. Nesse ano, estou atuando em duas turmas de 1º ano do ensino de nove anos. Por isso, enumerei as questões que considero desafiadoras sobre o Rio Grande do Sul para abordar na série onde estou atuando, hoje:
1. Sotaques e vocabulários gauchescos que ouvimos em nossa casa, em nossa vizinhança,... (Eu me criei ouvindo minha avó materna falando certas palavras totalmente e ricamente gaudérias, como: barbaridade, barafusta, cusco, derreado, andarengo, bochincho, cabresto, causo, cosca, palanque, etc., que nunca foram exploradas por meus professores nas séries iniciais. Nunca tomei chimarrão na escola primária)
2. Influência dos vários grupos étnicos que formaram o povo gaúcho em nossa cultura familiar (índios, espanhóis, portugueses, italianos, alemães, negros, ciganos, pois tenho três alunos ciganos no turno da manhã, etc.): culinária, tipos de moradia, festas, comemorações, vocabulário, crenças, simpatias, ditados populares, danças e outras.
3. Que tipo humano de gaúchos e gaúchas nós somos? Qual a nossa descendência? Sempre contando com a participação familiar do aluno e da comunidade, quando se fizer necessário.
4. Iniciação da alfabetização cartográfica do aluno. Desenho de planta baixa de pequenos objetos da sala de aula, uso de legendas simples que representem, por exemplo, a planta baixa da sala de aula e do seu quarto. Localização de Gravataí dentro do Rio Grande do Sul, perto da Capital do Estado.
5. Passeio pelas ruas da comunidade escolar para entrevistar moradores sobre sua descendência.
6. Visitar CTGs e Museus Históricos que mostrem a cultura gaúcha e sua influência étnica (Museu Júlio de Castilhos, por exemplo).
7. Entrevista com tradicionalistas pilchados que apresentem e expliquem as indumentárias gaúchas, suas várias origens e utilizações.
8. Montar com a ajuda da família do aluno a “Caixa” com elementos que contem a sua história de vida, sua formação étnica (fotos da criança, da família, na escola, cópia da certidão de nascimento, primeiro dente de leite que caiu, cordão umbilical, brinquedos, roupinhas de bebê, etc.), construindo a idéia de tempo, espaço e formação).
9. Socializando na “Rodinha” tudo o que for por nós trabalhado sobre nosso Estado.
10. História da música: Trabalhar, de acordo com sua faixa etária, a biografia e a obra de compositores gaúchos importantes: Lupicínio Rodrigues, Teixeirinha, Gildo de Freitas.
11. Personagens gaúchas importantes: Getúlio Vargas, Leonel Brizola, Elis Regina, etc.
12. Investigações em casa: Por que meu familiar não freqüentou escola? Por que meu familiar está desempregado?
13. Folclore: brinquedos, brincadeiras, travalínguas, lendas gauchescas, músicas, danças (Pezinho, Cana Verde, Balaio) etc.
14. Gênero: Por que só falamos em gaúchos? Não há gaúchas no Rio Grande do Sul? Será que menino não brinca de boneca? Não usa rosa? Não chora? Menina joga futebol? Brinca de carrinho?
15. Clima de nossa cidade comparado com o clima de outros municípios gaúchos? Onde cai neve no Rio Grande do Sul?
16. Problemas ambientais de nosso entorno: prováveis causas, buscando soluções, envolvendo a comunidade escolar.
17. Socializar experiências sobre suas viagens e passeios em outros municípios gaúchos.
18. Hino do Rio Grande do Sul

“...qualquer sociedade poderá evitar a dissolução enquanto for capaz de manter a integridade de seu núcleo cultural.” (Barbosa Lessa- Jornal do Nativismo)

“Temos de explorar trilhas para nossa cultura, não limitar com trilhos.” (Paixão Côrtes- Página do Gaúcho)

“A cultura é constituída pelo conjunto dos saberes, fazeres, regras, normas, proibições, estratégias, crenças, idéias, valores, mitos, que se transmite de geração em geração, se reproduz em cada indivíduo, controla a existência da sociedade e mantém a complexidade psicológica e social. Não há sociedade humana arcaica ou moderna, desprovida de cultura, mas cada cultura é singular. Assim, sempre existe a cultura nas culturas, mas a cultura existe apenas por meio das culturas.” (Edgar Morin-p. 56- os Sete Saberes Necessários à Educação do Futuro”)



 Teixeirinha - Querência Amada

domingo, 18 de maio de 2008

Minhas considerações e reflexões sobre o livro "Pedagogia da Autonomia" de Paulo Freire





É um privilégio ler as sábias, atuais e relevantes palavras do educador, filósofo e ativista Paulo Freire. Já li, do mesmo autor, "Medo e Ousadia". Reli esse livro "Pedagogia da Autonomia".
Paulo Freire é um dos nomes mais importantes da educação e da política brasileira. Reconhecido em todo o mundo.
Em seu livro "Pedagogia da Autonomia" tive a oportunidade de ler sua dura crítica a esse sistema que alimenta a existência de milhões de pessoas em situação de miséria em contraste vergonhoso com a abundante riqueza de uma minoria.
A ética e democracia são conceitos muito bem articulados por ele nesse livro, mostrando-os como elementos libertários importantes e essenciais para o nosso povo e para a educação no Brasil.
Freire, majestosamente, nos leva, através de seu texto, a uma perspectiva de liberdade, autonomia, amor, sonho e paixão, mostrando-nos "o homem como ser incompleto e inacabado". "Um sonhador que tem direito a sonhar- um sonho que nunca se conclui." Esse homem, esse sujeito que reelabora e transforma o mundo, construindo o possível, que antes era considerado impossível.
Aborda uma educação que liberta através da coscientização crítica, do respeito às diferenças individuais e culturais, mostrando seu repúdio à opressão e à indignidade impingida ao homem.
Apresenta a reflexão crítica e a conscientização que vêm da comunicação dialógica e da interação da sociedade. O homem buscando sua identidade e sua autonomia, também na educação, o entendimento que tem de si mesmo na sua caminhada histórica, projetando-se no seu tempo e no seu espaço, percebendo as várias transformações ocorridas em seu meio nessa caminhada.
Mostra, também, que o processo de opressão é modificado a passos lentos e dolorosos, pois mexe com as estruturas do poder e remete-nos a refletir sobre o nosso pensamento e idéia sobre educação. O pensar no coletivo, no bem comum.
O homem, segundo Paulo Freire, é cidadão do mundo, devendo transformar-se num novo homem através da educação, que é capaz de usar a palavra e o letramento para pensar em si e no seu papel transformador dentro da sociedade.
Somente, conseguir-se-á chegar a esse patamar por meio de uma educação emancipatória
e inclusiva, que respeita a cultura que o aluno traz para a escola, porque a pedagogia não deve ser elaborada para o homem, mas, sim, a partir dele.
Chamou-me a atenção, a ênfase que o autor dá à trilogia:afetividade, competência e autoridade na relação professor/aluno e à necessidade de atualização do profesor, estando aberto à mudanças.
Senti, através da leitura, a minha responsabilidade e o meu compromisso, enquanto cidadão e educador das novas gerações, na busca dessa mudança.
Freire realça que ensinar, não é transferir conhecimento, mas criar possibilidades para a sua produção ou para a sua construção.
Devo respeitar o senso comum, comprometendo-me com a consciência crítica do meu aprendiz, estimulando a sua e a minha curiosidade.
Afirma, também, ser imoral que os interesses do poder e do mercado tenham prioridade aos interesses dos seres humanos.

"Se há uma prática exemplar como negação da experiência formadora é a que dificulta a curiosidade do educando e, em conseqüência, a do educador. É que o educador que, entregue a procedimentos autoritários ou paternalistas que impedem ou dificultam o exercício da curiosidade do educando, termina por igualmente tolher sua própria curiosidade. Nenhuma curiosidade sustenta eticamente no exercício da negação da outra curiosidade.(...) O bom clima pedagógico-democrático é o em que o educando vai aprendendo à custa de sua prática mesma que sua curiosidade como sua liberdade deve estar sujeita a limites, mas em permanente exercício. Limites eticamente assumidos por ele. Minha curiosidade não tem o direito de invadir a privacidade do outro e expô-la aos demais. Como professor devo saber que sem a curiosidade que me move, que me inquieta, que me insere na busca, não aprendo nem ensino."(Paulo Freire, p.85)


Minhas reflexões, a partir dessa leitura:
* Estou aberta às mudanças necessárias para a Educação hoje?
* Como estimulo a minha curiosidade e a minha consciência crítica e a do meu aluno?
* Promovo esse debate crítico e dialógico em minha sala de aula, entre os pais e colegas de escola?
* Sou, antes de ser professora, uma cidadã preocupada e comprometida com o coletivo e com a transformação dessa realidade que muitas vezes me oprime e me degrada?
* Sou um pesquisador: procuro, busco, indago?
*Respeito o senso comum promovendo sua necessária superação?
* Como educadora, comprometo-me com a consciência crítica do educando?
*Discuto em aula, com meus alunos seus saberes em relação com os conteúdos estudados?
*De que forma, essa leitura provocou em meu ser professor e cidadão uma boa mudança em minha prática social e pedagógica?

quinta-feira, 15 de maio de 2008

Estimulando a curiosidade infantil


A criança é naturalmente curiosa, tem vontade de saber, conhecer, buscar além do que já sabe.Eu Preciso ter coragem, sensibilidade e humildade, como professora, para ouvir meu aluno falar, perguntar, questionar, duvidar, sem medo de ouví-lo colocar em debate os meus saberes.
Devo deixar meu aluno falar, questionar, proporcionando-lhe momentos de dúvidas e de descobertas. É minha função instigar o seu desejo de aprender, mostrando-lhe que não sou o único detentor do saber e que há outras fontes onde buscar esse saber.
É agradável e divertido aprender e ensinar num ambiente invadido pela curiosidade infantil e pela oportunidade que temos de ouvir o conhecimento que o aluno traz para a escola.
Para que isso aconteça é necessário que tenhamos ousadia e liberdade de alçarmos vôos mais altos, além das grades curriculares permitindo ao nosso aluno ser o sujeito ativo e presente em sua aprendizagem.
Ouvindo as perguntas do meu aprendiz, como professor, tenho a oportunidade de conhecer meus limites, vendo que também tenho muito a aprender, pois sou um cidadão que, também, aprende no momento em que ele pergunta, buscando a resposta junto com ele.
Para podermos alcançar o conhecimento é um grande pré-requisito sermos curiosos.
Um Ensino Fundamental que promove a curiosidade infantil contribui para que o conhecimento, a educação, a ciência, a tecnologia, a consciência ambiental façam-se presentes em nossa sociedade. Nunca esquecendo de que o afeto e aprendizagem caminham juntos, ou melhor, a aprendizagem não se dá sem a afetividade, sem o calor humano, sem alma, sem paixão.
O professor precisa alimentar a sua própria curiosidade, para estar sempre se atualizando, buscando com seu aluno as respostas para esses questionamentos com a plena certeza de que as verdades não são absolutas e inquestionáveis.
A sociedade evolui através da criança que hoje pergunta, que cria, reinventa e não se conforma com uma realidade que a castiga e a degrada.

"O conhecimento não é um espelho das coisas ou do mundo externo. Todas as percepções são, ao mesmo tempo, traduções e reconstruções cerebrais com base em estímulos ou sinais captados e codificados pelos sentidos. Daí resultam, sabemos bem, os inúmeros erros de percepção que nos vêm de nosso sentido mais confiável, o da visão. Ao erro de percepção acrescenta-se o erro intelectual. O conhecimento sob forma de palavra, de idéia, de teoria, é o fruto de uma tradução/ reconstrução por meio da linguagem e do pensamento e, por conseguinte,está sujeito ao erro. Esse conhecimento, ao mesmo tempo tradução e reconstrução, comporta a interpretação, o que introduz o risco do erro na subjetividade do conhecedor, de sua visão do mundo e de seus princípios de conhecimento. Daí os numerosos erros de concepção e de idéias que sobrevêm a despeito de nossos controles racionais. A projeção de nossos desejos ou de nossos medos e as perturbações mentais trazidas por nossas emoções multiplicam os riscos de erro.
Poder-se-ia crer na possibilidade de eliminar o risco de erro, recalcando toda a afetividade. De fato, o sentimento, a raiva, o amor e a amizade pode nos cegar. Mas é preciso dizer que já no mundo mamífero e, sobretudo, no mundo humano, o desenvolvimento da inteligência é inseparável do mundo da afetividade, isto é, da curiosidade, da paixão,que, por sua vez, são a mola da pesquisa filosófica e científica. A afetividade pode asfixiar o conhecimento, mas pode também fortalecê-lo. Há estreita relação entre inteligência e afetividade: a faculdade de raciocinar pode ser diminuída, ou mesmo destruída, pelo déficit de emoção; o enfraquecimento da capacidade de reagir emocionalmente pode mesmo estar na raiz de comportamentos irracionais." (Edgar Morin,p. 20, Os Sete Saberes Necessários à Educação do Futuro)

"A educação deve favorecer a aptidão natural da mente em formular e resolver problemas essenciais e, de forma correlata, estimular o uso total da inteligência geral. Este uso total pede o livre exercício da curiosidade, a faculdade mais expandida e a mais viva durante a infância e a adolescência, que com freqüência a instrução extingue e que, ao contrário, se trata de estimular ou, caso esteja adormecida, de despertar." (Edgar Morin, p.39, Os Sete Saberes necessários à Educação do futuro)

domingo, 4 de maio de 2008

Minhas Reflexões sobre Meio Ambiente nas Séries Iniciais


O professor das séries iniciais deve criar na escola um ambiente próprio para lidar com as questões ambientais, onde todos sejam envolvidos: professores, alunos,pais, equipe diretiva e pedagógica, funcionários, comunidade. É importante abordar em aula os grandes problemas ecológicos mundiais, mas nunca esquecendo de tratar as dificuldades ambientais vividas na escola, em nossa casa, na rua, na cidade, procurando investigar com as crianças onde estão e quais são suas causas.
Na escola, devemos promover importantes discussões desses problemas ambientais que existem em nosso entorno com a participação de todos e o que podemos fazer de concreto para solucioná-los. Uma experiência baseada nessas necessidades cotidianas do aluno, inseridas em nossa ação pedagógica e cidadã.
A ecologia na escola é um trabalho reflexivo diário que ecoará na vida toda da criança.
Questões para reflexão:

*Qual é o trabalho interdisciplinar, pedagógico, político e cidadão que realizo sobre o Meio Ambiente com as séries iniciais?
*Meu trabalho prega a transformação da realidade ou reproduz a ocupação e a opressão do poder?
*Conheço os problemas ambientais enfrentados por meu aluno ou por minha escola?
*De que forma ajudo minha comunidade escolar a enfrentar esses problemas, buscando saídas para solucioná-los?

"O Universo caminha não para a morte, mas para ordens cada vez mais elevadas de vida, e o ser humano é chamado a adotar posturas de colaboração e solidariedade, capazes de garantir o futuro do nosso planeta." (Teólogo Leonardo Boff)