quinta-feira, 10 de abril de 2008

Estudos Sociais nas Séries Iniciais


Como professora de Estudos Sociais, em minha prática pedagógica, após anos de magistério, cursos de formação, leituras importantes e durante o PEAD apreendi que essas aulas não podem ser repetitivas e enfadonhas, devendo partir do conhecimento que o aluno traz de seu berço familiar e social, de suas vivências, de seus interesses e de suas necessidades para que haja significado e uma construção efetiva de conhecimento.
Em meu trabalho atual com o 1º Ano dos nove Anos, procuro partir do próprio aluno, da família onde está incluído, resgatando e respeitando a sua origem, a sua história, até aqui constituída, sua memória individual, familiar, escolar e coletiva.
É muito significativo e emocionante para a criança pesquisar e conhecer fatos de sua própria vida, que, por incrível que possa parecer, muitas delas desconhecem. Depois, parto para estudar a escola, o bairro, a cidade, o país, até o mundo e sua ação nesse contexto.
Por exemplo, construirei com eles e a ajuda da família uma caixa com suas memórias: fotos, certidão, carteira de vacina, umbigo, documento do hospital, roupinhas, chupeta, etc. Exploraremos e socializaremos essas memórias na rodinha. Poderei chamar algum familiar para ser entrevistado. Poderemos construir também textos cooperativos sobre suas vivências comuns (A professora escreve o texto enquanto não estão alfabetizados), livrinhos sobre sua história desde o seu nascimento até sua escolarização, bem como muitas outras atividades, envolvendo suas famílias.
Em minha opinião, levar mapas para a sala de aula, Atlas, globo, estudar planta baixa da sala, do seu quarto, sair pelas ruas que cercam a escola, vendo o nome de suas ruas e conhecendo seus estabelecimentos comerciais e de lazer, as residências, seu povo, seu modo de vida, suas diferenças e semelhanças, comparando com outros povos e culturas, também é um exercício social e cidadão que colabora com o letramento de meus alunos.
É importante que a criança conheça, também, o seu passado, o antigo, bem como o caminho da evolução e da modernidade, para entender e questionar o porquê de algumas coisas e de alguns acontecimentos.
Passeios a espaços de cultura e história como museu, casa de cultura, teatro, feira do livro devem fazer parte de um planejamento cheio de intenções, bem realizado, flexível, instigando a curiosidade e a emoção da criança, para que entenda porque está ali e para onde está indo.

“Num mesmo movimento que o homem se historiza e busca ser livre. Não tem a ingenuidade de supor que a educação, só ela decidirá os rumos da história, mas tem, contudo, a coragem suficiente para afirmar que a educação verdadeira conscientiza o mundo humano, sejam estruturais, superestruturais ou interestruturais, contradições que impelem o homem a ir adiante. Um método pedagógico da conscientização alcança as últimas fronteiras do humano.” (Fiori, 1972)




Tenho consciência do meu papel social como educadora, como sujeito, também, fruto de uma caminhada histórica, inserida nesse contexto social e cultural que é a escola. Estou aqui para ajudar as novas gerações a conhecer criticamente o mundo em que estão vivendo, de sua consciência histórica e social e de sua capacidade cidadã e incontestável de transformá-lo.
O professor deve proporcionar a participação efetiva das famílias de nossos alunos, bem como outras participações pertinentes que agregariam valor a esse processo.
Resgatando a história do lugar onde o aluno mora e/ou estuda é um rico instrumento de valorização de sua auto-estima e de sua humanização.
Nesse processo integrador não podemos desvincular os Estudos Sociais de outras leituras, de outras disciplinas para poder oportunizar que o aluno construa conceitos básicos como: espaço, tempo, identidade e acontecimento histórico.
Se fragmentarmos o ensino de Estudos Sociais corremos o risco de continuarmos alienando-o de sua própria história.

Nosso planejamento deve ser flexível, tem que saber a que veio e para onde vai, como processo integrado à vida e à cidadania para a construção de um mundo melhor para todos.


“As chamadas minorias, por exemplo, precisam reconhecer que no fundo, elas são a maioria. O caminho para assumir-se como maioria está em trabalhar as semelhanças entre si e não só as diferenças e assim criar a unidade na diversidade, fora da qual não vejo como aperfeiçoar-se e até como construir-se uma democracia substantiva e radical.” (Paulo Freire, 1992)

“A cidadania é uma invenção coletiva. Cidadania é uma forma de visão do mundo.” (Paulo Freire)

Nenhum comentário: