segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Não aprendi a dizer adeus, mas até qualquer dia...


"Nada lhe posso dar que já não existam em você mesmo. Não posso abrir-lhe outro mundo de imagens, além daquele que há em sua própria alma. Nada lhe posso dar a não ser a oportunidade, o impulso, a chave. Eu o ajudarei a tornar visível o seu próprio mundo, e isso é tudo." (Hermann Hesse)



O Curso de Graduação de Pedagogia, modalidade a Distância, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul foi fascinante e desafiador, possibilitando-me uma postura mais reflexiva e questionadora sobre o processo de ensino-aprendizagem. Muitos saberes caíram por terra e certezas provisórias surgiram relacionadas ao meu entendimento sobre a complexidade de educar e de aprender, envolvendo muitos aspectos: cognitivos, afetivos, culturais, sociais, políticos.
Não estou pronta. Apenas estou terminando minha graduação. Continuo um ser em constante aprendizagem, em constante evolução, em incessante busca.
O PEAD foi um curso muito bem planejado, organizado, composto de coordenadores, professores, tutores engajados e comprometidos com a construção do nosso conhecimento enquanto pessoas e trabalhadores em educação. Todos de uma maneira ou de outra contribuíram para a minha formação profissional e pessoal. Agradeço a todos.
Durante o curso dialoguei com excelentes autores, usufruí da colaboração dos meus colegas que me davam sempre um novo elemento, uma nova abordagem, um diferente ponto de vista. A todos, meu muito obrigada. Sei que contribuí com alguns; que falhei com outros tantos. Humildemente, peço-lhes perdão.
Essa postagem está repleta de emoção. Fica a sensação de que sentirei de tudo e de todos uma tremenda saudade e ao mesmo tempo da certeza do dever cumprido.
Acredito que nós professores e professoras temos que procurar uma formação continuada para o bem de nossos alunos e para bem de nosso país.
Obrigada, meu Deus por fazer parte da Família PEAD, Pólo de Gravataí.
"A alegria não chega apenas no encontro do achado, mas faz parte do processo de busca. E ensinar e aprender não pode dar-se fora da procura, fora da boniteza e da alegria." (Paulo Freire)

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Eixo VIII - Estágio/Tecnologias/ensino-aprendizagem

Quero, nesta postagem, relatar as conquistas que a turma 119 alcançou a partir de nossa ação pedagógica no ambiente informatizado da escola. Começo-a com partes de algumas reflexões semanais que escrevi durante o estágio supervisionado:

3ª semana: (...) "Nesta semana, fomos ao Laboratório de Informática. Percebi, que a maioria das crianças não dominava a tecnologia, isto é, não tinha acesso a ela em suas casas. Então “puxei o freio de mão.” Estávamos jogando com a "Turma da Mônica" ( memória, sete erros, trocar roupas, colorir,etc.) Vou com calma. Não quero frustrá-los. Sei que chegarei “lá”."
4ª semana:"A turma trabalhou com a edição eletrônica de seus nomes e dos nomes dos colegas no Laboratório de Informática (LI). Combinamos que nossa atividade primeira seria conhecer um pouco desse editor, depois poderiam jogar o que escolhessem. Estavam excitadíssimos para jogar nos computadores. Tenho uma aluna chamada Camille que sabe tudo de computador, mesmo não sabendo, ainda, ler e escrever. Está sempre me assessorando junto aos colegas quando estamos no LI. Ela é "MEU BRAÇO DIREITO".
Realimentei coisas básicas como: usar o teclado, o mouse, procurar e clicar nos comandos do editor de texto, a escrever seus nomes, de suas mães e o meu. Perguntei se queriam trocar o tamanho da letra? "Sim." Que tal trocar o tipo de letra? "Eba! Eba! Ensina prô!". Vamos trocar a cor? "Vamo, vamo, prô!" "Oh! Que lindo! Quero também!" " Não tô conseguindo... Me ajuda sora". "Não acho as cores do meu..."
Depois, jogaram o que escolheram. Alguns meninos montaram as partes de um robô, outros queriam colorir desenhos, Jogo de Sete erros da Turma da Mônica, corrida de automóveis, etc. As meninas preferiram pintar desenhos ou trocar roupas, maquiar ou arrumar os cabelos de bonecas."
Meus alunos, muitos deles, advindos da classe menos favorecida, ficaram maravilhados ao entrarem pela primeira vez no Laboratório de Informática da escola para trabalhar no computador. A maioria não sabia o que fazer, por onde começar.
Hoje, passados 9 meses desta primeira vez, por causa de nossa prática pedagógica, duas vezes na semana no LI realizando atividades contextualizadas com os conteúdos desenvolvidos na sala de aula, meus alunos apresentam uma certa intimidade com o computador. Sabem mexer no teclado, no mouse com certa autonomia, conhecem o google "É lá no google que eu acho o jogo que eu quero" (Denner, 7 anos); "Eu digito no google o que eu quero encontrar porque já sei ler e escrever"(Julia 7 anos).
Gostam muito de escrever no word, mudando fonte, cores, tipos de letras. "Eu sei escrever no word algumas palavras só que meu colega reclama que eu sou demorado."(Kévin, 6 anos)
Antes de irmos para o LI, preparo-os sobre a minha proposta, o que iremos realizar lá e por quê. Gosto que as atividades no computador sejam feitas em duplas o que está colaborando muito com a dificuldade que algumas crianças dessa idade ainda tem em compartilhar com os outros. No início, foi difícil, dava muita discussão, hoje esta prática de trabalhar de dois a dois está mais tranquila. Há momentos que eu permito que se juntem com o colega de sua escolha. Em outros eu escolho as duplas. Faço esta composição quando é necessário juntar crianças de personalidades diferentes ou com níveis de aprendizagem diferentes, onde uma pode colaborar com a aprendizagem da outra. Nas interações pessoais também se aprende.
Avançaremos mais se soubermos adaptar programas previstos às necessidades dos alunos, criando conexões com seu cotidiano(Moran, p.33)
É notória a autonomia dos meus alunos no LI, demonstram-se motivados com as atividades pedagógicas que lá realizamos. Aumentou a interação da turma, seu espírito colaborativo, por exemplo, quando um colega que não está naquela dupla apresenta dificuldade no computador que ele domina, prontamente levanta-se e vai ajudá-lo
Tenho claro comigo, que o uso pedagógico do computador na escola é um meio facilitador para a construção do conhecimento infantil, inserindo-os na realidade digital, principalmente, aqueles que não têm este acesso em casa. Desenvolvem habilidades cognitivas importantes: linguagem, comunicação, cooperação, raciocínio, enriquecimento do vocabulário, superação de desafios, autonomia, etc.
O desafio imposto aos docentes é mudar o eixo do ensinar para optar pelos caminhos que levem ao aprender. Na realidade, torna-se essencial que professores e alunos estejam num permanente processo de aprender a aprender. (Behrens, p.73)
Escolhi está temática no meu TCC, por vários motivos. Mas, cabe aqui salientar, o maior deles foi o fato de que com minhas leituras e estudos para o TCC, eu enriqueceria mais o meu conhecimento, a minha formação sobre as mídias e tecnologias digitais no processo de ensino aprendizagem. Necessito fundamentar mais meus conhecimentos sobre a informática educacional e suas mais novas abordagens na educação. Quanto mais eu me preparar para o uso educacional das TICs , mais estarei colaborando para que meu aluno usufrua dos benefícios pedagógicos proporcionados por elas como um professor facilitador/ mediador deste processo.
Entretanto, descaracterizar o sentido de aprendizagem escolar em decorrência da presença das inovações tecnológicas é obviamente um equívoco. O valor da aprendizagem escolar está, precisamente, em introduzir os alunos nos significados da cultura e da ciência por meio de mediações cognitivas e interacionais que supõe a relação docente. (Libâneo, p. 67)




Referências bibliográficas:

LIBÂNEO, José Carlos. Adeus professor, adeus professora?. 12ª ed. São Paulo: Cortez, 2010.

MORAN, José Manuel. A educação que desejamos – Novos desafios e como chegar lá. 4ª ed. São Paulo: Editora Papirus, 2009.

MORAN, José Manuel; MASETTO, Marcos T.; BEHRENS, Marilda Aparecida. Novas tecnologias e mediação pedagógica?. 17ª ed. São Paulo: Editora Papirus, 2010.

domingo, 14 de novembro de 2010

Eixo IX

Referindo-me ao Eixo IX, quando li pela primeira vez as "Orientações para o Trabalho de Conclusão de Curso, confesso que me assustei perante tamanha obra e julguei-me, num primeiro momento incapaz de fazê-lo com tamanha competência.
Custei a encorajar-me para começar. Mas, como iniciar é vital para quem quer concluir, coloquei a mão na massa mesmo com receios, dúvidas, porém, neste momento, com vontade de acertar.
Não adiantaria de nada ficar quietinha no meu cantinho até o TCC passar, porque eu é quem iria ficar para trás.
Sabia o que eu queria, meu tema: "Mídias e tecnologias digitais nas séries iniciais de uma escola pública". Durante alguns dias fui estudando com calma e atenção as orientações, os exemplos de TCC que a Professora Luciane Corte Real nos ofereceu. Tudo estava postado no pbwork do Eixo IX.
Comprei os livros dos autores que embasariam teoricamente minha busca:
*A Educação que desejamos - Novos desafios e como chegar lá, de José Manuel Moran.
*Novas tecnologias e mediação pedagógica, de José Manuel Moran, Marcos T. Masetto, Marilda Aparecida Behrens.
*Adeus professor, adeus professora? - Novas exigências educacionais e profissão docente, de José Carlos Libâneo.
Consegui na minha escola em que realizei meu estágio supervisionado a revista "Nova Escola", de setembro de 2000 que trazia uma entrevista exclusiva com Philippe Perrenoud sobre as competências que preparam os alunos para as novas exigências do mundo.
Estudei as idéias destes autores. Revi toda a minha caminhada que percorri na eletiva "Mídias e tecnologias digitais em espaços escolares" que ajudou-me muito.
Tive uma ótima orientação que auxiliou-me a cortar as arestas para o aperfeiçoamento do meu trabalho.
Hoje, domingo pela manhã, após concluir meu TCC, respiro fundo na certeza do dever cumprido. Meu trabalho abre espaço para a reflexão, para novas perspectivas de trabalho e questionamentos que surgem para novas pesquisas.
Aguardo a revisão e o retorno do orientador e a hora de defendê-lo perante a banca formada por orientadores. A partir da semana que se inicia, meu foco são os indicadores para avaliação do meu TCC




"9.3.1 Indicadores para Avaliação do TCC: Apresentação Escrita Estrutura e Conteúdo


a) apresenta questão de investigação delimitada e objetivos coerentes;
b) desenvolve fundamentação teórica e métodos adequados à questão
e objetivos propostos;
c) constrói argumentos criativos e defende criticamente o seu ponto
de vista;
d) articula a análise com os aportes teóricos selecionados;
e) utiliza fontes diversificadas;
f) inclui resultados e discussão desses resultados (conclusões);
g) aponta as limitações do trabalho, questões em aberto e perspectivas
para trabalhos futuros.
Expressão
a) apresenta um texto bem estruturado, organizado e crítico;
b) evidencia linguagem clara e correção gramatical.


9.3.2 Indicadores para Avaliação do TCC: Apresentação Oral

a) apresenta organização e clareza na apresentação;
b) demonstra capacidade de argumentação e de análise/síntese;
c) observa o tempo estabelecido para a apresentação;
d) elabora adequadamente o material audiovisual para a apresentação;
e) evidencia conhecimento do tema nas respostas às perguntas realizadas "(p. 41 e 42, Orientações para o Trabalho de Conclusão de Curso)

Espero realizar uma boa defesa do meu trabalho.

domingo, 7 de novembro de 2010

Eixo 8 - Eletiva "Mídias e tecnologias digitais em espaços escolares"



"Do ponto de vista da Graduação em particular, a formação para o exercício de uma profissão em uma era de rápidas, constantes e profundas mudanças requer, necessariamente, atenta consideração por parte das universidades. A decorrência normal deste processo parece ser a adoção de nova abordagem, de modo a ensejar aos egressos a capacidade de investigação e a de "aprender a aprender". Esse objetivo exige o domínio dos modos de produção do saber na respectiva área, de modo a criar as condições necessárias para o permanente processo de educação continuada." (Plano Nacional de Graduação 1999, p. 7)



Volto a abordar sobre a tese 4 que debati com outras colegas na atividade 5, na eletiva "mídias e tecnologias digitais nos espaços escolares":

Não é necessário que os professores sejam bem preparados para o uso de mídias e tecnologias digitais, basta interagir com os alunos. Eles já sabem como usá-las.(Tese 4)



Minha argumentação:


As mídias e tecnologias digitais na escola não é um modismo. Elas devem estar presentes para acompanhar a evolução da humanidade, oferecendo ao sujeito a compreensão de sua função social, cultural, cidadã e política na sociedade. Infelizmente, muitos educadores estão fora dessa inclusão digital. As dificuldades de inserção das mídias e tecnologias digitais em espaços escolares devem-se, inclusive, à formação precária do professor e a falta de acesso a estas tecnologias de uma significativa parcela destes profissionais da educação.

A inclusão dos professores nesta sociedade globalizada e tecnologicamente letrada deve ser debatida, estudada, oferecida nos cursos de formação inicial e universitária do professor e no seu acesso a estes bens tecnológicos, conseguindo, assim, articulá-los competente, efetiva e pedagogicamente em sua metodologia, tendo em vista às exigências do mundo atual.

Para Libâneo ( 2010,p. 16), (...) os cursos de formação de professores precisam garantir espaços para práticas e estudos sobre as mídias, sobre a produção social de comunicação escolar com elas e sobre como desenvolver competente comunicação cultural com várias mídias.

Surge aí, a indispensável importância do debate, dos estudos, da pesquisa e de políticas públicas que favoreçam esta inclusão, reconhecendo a função sócio-educativa que as mídias desenvolvem na educação e no conhecimento. Podendo assim conhecer-se o que se ignora e a usufruir do que nos é negado.

Segundo Moran (2010, p.63), ensinar com as novas mídias será uma revolução se mudarmos simultaneamente os paradigmas convencionais do ensino, que mantêm distantes professores e alunos. Caso contrário, conseguiremos dar um verniz de modernidade, sem mexer no essencial.

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Resposta à questão da Tutora Patrícia em seu comentário na minha postagem "Letramento": " O que há em outros autores para sustentar sua argumentação?"

Freire, Tfouni, Peixoto e Kleiman ajudam-me a sustentar minha argumentação.


“O professor volta a ser o profissional que decide sobre um curso de ação com base em sua observação e seu diagnóstico da situação. É ele que deverá decidir questões relativas à seleção dos materiais, saberes e práticas que se situam entre o local, o aplicado e o funcional à vida dos alunos e da comunidade e o socialmente relevante, que um dia poderá ser utilizado para melhorar o futuro do próprio aluno e de seu grupo.”( Kleiman, p. 6, O conceito de letramento e suas implicações para a alfabetização)

Peixoto (et al, 2004) sobre o papel do "professor-letrador", ao analisar a prática do letramento pelo professor, destacou as seguintes ações de um professor-letrador:


1) investigar as práticas sociais que fazem parte do cotidiano do aluno, adequando-as à sala de aula e aos conteúdos a serem trabalhados;
2) planejar suas ações visando ensinar para que serve a linguagem escrita e como o aluno poderá utilizá-la;
3) desenvolver no aluno, através da leitura, interpretação e produção de diferentes gêneros de textos, habilidades de leitura e escrita que funcionem dentro da sociedade;
4) incentivar o aluno a praticar socialmente a leitura e a escrita, de forma criativa, descobridora, crítica, autônoma e ativa, já que a linguagem é interação e, como tal, requer a participação transformadora dos sujeitos sociais que a utilizam;
5) recognição, por parte do professor, implicando assim o reconhecimento daquilo que o educando já possui de conhecimento empírico, e respeitar, acima de tudo, esse conhecimento;
6) não ser julgativo, mas desenvolver uma metodologia avaliativa com certa sensibilidade, atentando-se para a pluralidade de vozes, a variedade de discursos e linguagens diferentes;
7) avaliar de forma individual, levando em consideração as peculiaridades de cada indivíduo;
8) trabalhar a percepção de seu próprio valor e promover a auto-estima e a alegria de conviver e cooperar;
9) ativar mais do que o intelecto em um ambiente de aprendizagem, ser professor aprendiz tanto quanto os seus educandos;
10) reconhecer a importância do letramento, e abandonar os métodos de aprendizado repetitivo, baseados na descontextualização.

Assim tenho procurado realizar minha proposta pedagógica como alfabetizadora da rede pública.

Compactuo com a visão de Paulo Freire:

"Aprender a ler, a escrever, alfabetizar-se é, antes de mais nada, aprender a ler o mundo, compreender o seu contexto, não numa manipulação mecânica de palavras, mas numa relação dinâmica que vincula linguagem e realidade”. (Paulo Freire)

... e com a perspectiva de Tfouni:


“Enquanto a alfabetização se ocupa da aquisição da escrita por um indivíduo, ou grupo de indivíduos, o letramento focaliza os aspectos sócio-históricos da aquisição de uma sociedade.” (1995, p. 20).

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Refletindo Marx e a Educação / meu papel social/ político na Escola


"... não se parte daquilo que os homens dizem, imaginam ou se representam, e também não se parte dos homens narrados, pensados, imaginados, representados, para daí se chegar aos homens em carne e osso; parte-se dos homens realmente ativos, e com base no seu processo real de vida representa-se também o desenvolvimento dos reflexos e ecos ideológicos deste processo de vida. Também as fantasmagorias no cérebro dos homens são sublimados necessários dos seu processo de vida material, empiricamente constatável e ligado a premissas materiais. A moral, a religião, a metafísica e a restante ideologia, e as formas da consciência que lhes correspondem, não conservam assim por mais tempo a aparência de autonomia... Não é a consciência que determina a vida, é a vida que determina a consciência. No primeiro modo de consideração, parte-se da consciência como indivíduo vivo; no segundo, que corresponde à vida real, parte-se dos próprios indivíduos vivos reais e considera-se a consciência apenas como a sua consciência" (MARX e ENGELS, 1982: 14).
Lembro-me de uma de minhas primeiras postagens no meu primeiro blog criado no PEAD. Era sobre uma atividade da Interdisciplina "Escola, Cultura e Sociedade". Teria que resumir as idéias de Marx. A professora leu minha postagem e redigiu o seguinte comentário: "(...)É isso mesmo. Sei que Marx trouxe um pouco mais de dificuldade. Mas com essa energia toda tenho certeza que, em breve, estarás realizando comentários e críticas desse autor também."(2006)
Por enquanto, não me sinto preparada para criticar as idéias de Marx. Quem sabe, um dia... Precisaria estudá-lo mais. Mas estou certa de poder posicionar-me perante suas idéias sobre Educação e sociedade, enquanto uma profissional de Educação.
Marx e Engels não teceram um texto dedicado, exclusivamente à Educação, mas apresentaram referências significativas ao longo de sua obra. Falar sobre Educação e não refletir a relação do homem com sua realidade, com seu cotidiano, com a vida, é negar sua própria existência. Vou mais além, ser professora e negar minha ação humana e política na luta pela transformação desse cotidiano, é fechar meus olhos para a essência da própria sociedade. É agir dentro desse cotidiano como mero expectador, alienado e covarde.
Vive-se num mundo que passa por muitas transformações, não sabendo-se com certeza para onde vamos e qual a melhor trilha a seguir. Nesse contexto de incertezas e inquietações, o papel do professor precisa ser refletido, questionado, assumindo-se como humano, social, político e cidadão, posicionando-se perante a sociedade, seus conflitos e necessidades. E, quando eu, professora, abro meus olhos para a vida real, enxergo claramente que o ensino, a educação, a escola auxiliam o povo a proteger-se contra a exploração da classe dominante, organizando-se para a construção de um mundo melhor, de uma sociedade realmente democrática e igualitária em que não se aceitará o preconceito em todas as suas manifestações, uma escola pública sem qualidade, doentes dormindo no chão dos corredores de hospitais, durante horas e horas, até serem atendidos, dinheiro públlico roubado, impunemente, pelos políticos corruptos e tudo aquilo que oprime e faz sofrer o povo brasileiro.
Afirmo, sem sombra de dúvida, que ao estudar Marx, Engels e Paulo Freire sinto meu coração bater mais forte. Tenho a consciência do meu papel social dentro da escola. Educo, sem radicalismos, com os pés no chão, pelos direitos da minha gente, do meu aluno. Além de formar a consciência social, de fundamentar valores, de transformar atitudes tenho o dever de formar um homem social, crítico, comprometido com o seu coletivo nessa sociedade tão complexa e plural, em que todo o cotidiano traz um rico momento pedagógico.
O processo de ensino-aprendizagem mantem uma relação muito íntima com o contexto, além dos muros da escola, com a vida lá fora, da qual, eu, professora, faço parte ativa.
"Se não posso, de um lado, estimular os sonhos impossíveis, não devo, de outro, negar a quem sonha o direito de sonhar." (Freire, 1988)

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Letramento

Letramento é um vocábulo novo, aparecendo pela primeira vez no livro de Mary Kato "No mundo da escrita:uma perspectiva psicolinguística", em 1986. Depois, em outras obras de outros autores, surgindo, assim, essa palavra no mundo da Educação.
O vocábulo "LETRAMENTO" emerge de uma nova necessidade, um fenômeno, que acredito eu, sempre existiu, mas que até o final da década de oitenta não lhe dávamos tanta importância.
Letrada é a pessoa que, além de saber ler e escrever, utiliza com frequência e competência a leitura e a escrita. O letrado tem uma outra condição social e cultural, isto é, transforma seu modo de viver em sociedade, está incluído na cultura, no contexto, no mundo.
Por exemplo um adulto analfabeto tem uma linguagem oral , mas após aprende a ler e a escrever passa a expressar-se oralmente de forma diferente, sendo evidente que, ao conviver com a língua escrita, consegue obter mudanças importantes na sua fala, nas estruturas linguísticas e no enriquecimento de seu vocabulário.
O letramento não diz respeito somente ao aprender a ler e escrever (decodificar letras e numerais), mas ao uso eficiente da leitura e da escrita. A ação de aprender as práticas de leitura e escrita é consequência de ter-se apropriado da escrita e de suas práticas sociais, isto é, assumindo a escrita e a leitura como sua "propriedade".
Um sujeito alfabetizado não é, necessariamente, letrado, porque o sujeito que é letrado não somente lê e escreve, mas sabe usar competente e socialmente a escrita. Letramento, portanto, é um estado, uma condição de interação com diferentes tipos e gêneros de leitura, com diversos portadores de textos, com as diferentes especificidades que a leitura e a escita desempenham na vida e no cotidiano das pessoas.
À medida em que a sociedade vai se tornando grafocêntrica (centrada na escrita) um novo fenômemo descortina-se: não basta apenas ler e escrever, a pessoa deve ter competência para utilizar a leitura e a escrita, incorporando-as às suas práticas sociais: saber encontrar-se em um livro; achar uma palavra no dicionário; localizar-se num mapa; utilizar o "classificados" de um jornal; escrever um bilhete, um telegrama, uma declaração; preencher um formulário; usar uma lista telefônica; pegar um ônibus que não seja o seu de costume, etc.
A interdisciplina "Linguagem e Educação", estudada no EixoVII deixou-me bem claro, enquanto professora alfabetizadora, que o ideal pedagógico está em alfabetizar letrando, ensinando a ler e a escrever no contexto das práticas sociais da leitura e da escrita, tornando o aluno alfabetizado e letrado, constituído de uma série de habilidades, comportamentos, conhecimentos no que diz respeito à leitura e à escrita, à interpretação, à comunicação, à expressão.
"Não adianta simplesmente letrar quem não tem o que ler nem o que escrever. Precisamos dar as possibilidades de letramento. Isso é importante, inclusive, para a criação do sentimento de cidadania nos alunos."(Magda Soares)
Com essa finalidade, proporciono ao meu aluno o convívio num ambiente escolar letrado, tendo acesso a vários livros, revistas, jornais, tipos de textos, à feira do livro, à museu, ao Laboratório de Informática. Notificadamente, como uma necessidade, porém permeada de ludicidade e alegria.

“Alfabetize letrando sem descuidar da especificidade do processo de alfabetização, especificidade é ensinar a criança e ela aprender.O aluno precisa entender a tecnologia da alfabetização. Há convenções que precisam ser ensinadas e aprendidas, trata-se de um sistema de convenções com bastante complexidade. O estudante (além de decodificar letras e palavras) precisa aprender toda uma tecnologia muito complicada: como segurar o lápis, escrever de cima pra baixo e da esquerda para a direita; escrever numa linha horizontal, sem subir ou descer. São convenções que os adultos letrados acham óbvias, mas que são difíceis para as crianças. E no caso dos professores dos ciclos mais avançados do ensino fundamental, é importante cuidar do letramento em cada área específica.” (Magda Soares)